A peça é uma adaptação de ´O Belo Antônio´, de Vitaliano Brancati, que tem uma versão em cinema clássica, com o Marcello Mastroiani, mas agora, é uma comédia centrada na figura da matriarca, a Mamma. Na noite em que assisti, quem participou da peça não foi a Rosi Campos, que aparece no programa, mas sua substituta, Arlete Montenegro.
A Mamma é uma viúva que mora em Santa Rita, e que tem como seu maior orgulho o filho Antônio ( Leonardo Miggiorin ), um rapaz bonito e bem sucedido, que conseguiu um bom emprego depois de um período em São Paulo. Além disso, tem uma vasta fama de namorador, daqueles que não deixa passar uma mulher incólume, o que leva a queixas do Padre da cidade ( Carlo Briani ). Ela também é a mãe de Aldo, também representado pelo Leonardo, mas que ao contrário do irmão, é feio, desleixado, e que sempre viveu com a mãe.
Antônio se apaixona à primeira vista pela filha do Tabelião da cidade, chamada Bárbara ( Débora Gomes, que também interpreta a empregada doméstica Rosina ). Ela é uma moça pura e inocente, que não faz idéia nem como as crianças são geradas, pois foi educada num convento. E depois de mais de dois anos de um casamento feliz, Bárbara descobre que está sendo enganada por Antônio. Não que ela esteja sendo traída, mas está sendo enganada porque descobre que ela não é efetivamente sua mulher, pois nunca tiveram nenhuma relação sexual.
É aí que entra em cena o Tabelião ( Carlo Briani, que já tinha aparecido em cena como o Padre ), pois o pai da moça vai à casa de Mamma para explicitar a situação e dizer que está pedindo a anulação do matrimônio e sua filha de volta, já que o casamento não foi consumado. A Mamma, claro, em um primeiro momento não acredita que seu filho, o galã da cidade, possa ter deixado que sua esposa permanecesse virgem. Mas depois, ao fazer com que seu irmão Gildo ( novamente Carlo Briani ), que veio morar em sua casa durante um tempo, converse com seu filho Antônio, ela toma consciência de que o que o Tabelião falou é verdade, e começa a armar um plano para salvar a honra de seu filho e de sua família, pois a cidade toda já fofoca sobre o assunto. Daí pra frente não vou mais contar o enredo, já que a peça fica em cartaz durante um bom tempo ainda.
´La Mamma´ é uma comédia popular, uma peça de entendimento simples, sem nenhuma ousadia. Dá até a impressão de que a gente está assistindo a algum seriado na tv. Aliás, não, se fosse um programa de tv, seria uma reprise... o que a gente assiste hoje em dia é mais explícito no conteúdo sexual, ou mais arrojado na encenação, ou até as duas coisas. ´La Mamma´, se fosse filmado, poderia ser em preto-e-branco, ou então poderia ser uma daquelas rádio-novelas antigas. Não há nada de errado em ser uma peça popular, de entretenimento fácil, mas sinceramente, depois de ver o Leonardo Miggiorin em ´Equus´ e em ´Lampião e Lancelote´, acho que essa peça pode servir para pagar as contas, já que ele também é responsável pela produção, mas de qualquer maneira, é um desperdício de talento.
Não que a atuação dele seja ruim, não é. Toda a encenação é caricata, os personagens são sempre muito marcados, não só do Leonardo, mas todos. Claro que o destaque vai para a Mamma, no caso, a Arlete Montenegro, que fala com o sotaque ítalo-paulista que se esperava. Aliás, mais do que imaginar como seria essa personagem com a Rosi Campos, fiquei pensando em como seria com a atriz que dá nome ao teatro, a Nair Bello, que afinal, era a própria paulista italiana...
Em ´La Mamma´ tudo é muito básico. Mesmo os atores fazendo mais de um personagem, as mudanças, que sempre acontecem fora de cena, são tão claras, tão marcadas, que ter dois ou mais personagens para o mesmo ator não chega a ser ousadia. Dá até pra imaginar que é mais uma medida de economia mesmo... O cenário reproduz uma casa de classe média dos anos 50, com cadeiras pés-de-palito, cores cítricas nos revestimentos, e uma cadeira é sempre uma cadeira, um sofá é um sofá... nada que seja uma alusão, uma poesia, tudo é o que é. Os figurinos são adequados, mas nada que chame a atenção. Não sou capaz de lembrar de nada da trilha sonora, não foi nada marcante ( aliás, quando entramos e quando saímos, tocavam músicas da Jovem Guarda ). A iluminação, com exceção do momento em que a Mamma vai à igreja e há a projeção da luz que falei no início, também não tem grande expressão no espetáculo. Resumindo: tudo é ok, funciona, a peça diverte seu público, mas... não vai deixar lembranças. Enfim, saí do teatro com a impressão de que fui assistir a uma encenação certinha, divertidinha, bonitinha, engraçadinha... e que não acrescenta nada.
La Mamma
Com Rosi Campos, Leonardo Miggiorin, Carlo Briani e Débora Gomez
Direção de Carlos Artur Thiré
Adaptação de Jean-Marie Roussin, sobre a obra de Vitaliano Brancati
Teatro Nair Bello, até 01/dez/13
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