Para fechar o fim de semana teatral, fui assistir ´Brincando com a Morte´, nesse domingo, no Teatro Cultura Artística Itaim:
Enquanto a sede da Sociedade de Cultura Artística não é reconstruída no Centro, após o incêndio, as atividades vão acontecendo no espaço que antes era chamado ´Sala São Luis´, na sede da Promon Engenharia na Av. Juscelino Kubtschek. É um espaço típico da arquitetura moderna paulista, projeto do arquiteto Marcelo Fragelli - que foi meu professor. Lá dentro existe um teatro pequeno mas muito confortável, com ótimas poltronas, bom espaço... não sentando na primeira fileira, muito próxima ao palco, qualquer lugar é bom. E há também estacionamento dentro do complexo, o que aliás é a única alternativa, já que o edifício está localizado no finalzinho da avenida, junto à descida do túnel e não tem lugar próximo para estacionar.
Mas hoje, infelizmente, a visita não valeu... a peça foi decepcionante. Quando entrei na platéia, já bem na hora de início, vi que o teatro estava com no máximo um quinto das suas poltronas ocupadas. Mas depois eu entendi a razão...
A informação que eu tinha é de era uma peça de suspense e humor negro. O suspense se deu só pra saber quando a peça iria acabar, e o humor negro... melhor nem comentar. O programa, impresso em papel de alta gramatura, com verniz, bem caprichado mesmo, fala do autor - Joe Ortera - como um gênio. Espero que a culpa seja da tradução, porque se o ´gênio´ fez isso... pelamordedeus.
A história é basicamente a seguinte: o pastor vigarista Pringle ( Kiko Vianello ) desconfia que sua mulher Tessa ( Fernanda Couto ) o está traindo, após receber uma carta anônima. E chama o detetive particular Caulfield (Edu Guimarães) para investigar. O detetive descobre que Tessa se encontra com o ex-padre McCork (Tadeu Di Pyetro ), todo alquebrado, e que na verdade não há traição nenhuma, ela cuida dele apenas por benemerência. Mas o pastor Pringle se interessa por outra mulher, e resolve assassinar a esposa. Então a encontra na casa do ex-padre, mas acabam fazendo um acerto onde ela se finge de morta, e ele passa a ter a fama de assassino, o que é muito conveniente para ele, tanto que depois, com o desenrolar da história, ele não quer que ela reapareça viva. Mas por que é bom para ele ter a fama de assassino? Não sei...
O detetive Caulfield quando entra na casa do ex-padre arrombando a janela, faz perguntas a ele, que vai respondendo simplesmente porque vive sozinho e não tem com quem conversar O detetive chega até mesmo a confessar que matou a sua ex-esposa, a qual era amiga de Tessa - e que não desconfia de nada. Por que o ex-padre foi contando que o cadáver de sua ex-mulher está escondido no porão de sua casa a um desconhecido? Não sei...
Enfim, o roteiro é todo feito dessa maneira, as coisas vão acontecendo sem muita lógica. Tudo bem se fosse numa montagem farsesca, mas não era o que a gente via no palco. O cenário era bem construído, procurando criar um clima de filme de terror com elementos góticos. Mas no teatro, o que vale mesmo são as atuações dos atores, e o que vi me deu a impressão de que eu estava assitindo a uma novela do SBT ao vivo... Deu até dó dos atores em cena. Não eram iniciantes, gente que tropeçava na fala, que errava a marcação, nada disso. Mas o diretor não acertou o tom, e infelizmente eu logo fui fazendo a comparação com ´Atreva-se´, encenada no ano passado em São Paulo, com direção do Jô Soares. Também era uma comédia de suspense, com um clima ´noir´, só que muitíssimo bem encenada, divertida. Hoje, mal deu pra esboçar um sorriso com o ´humor negro´ da peça. Não deu.
Enfim, entendi porque a platéia estava vazia... no final da peça, após os aplausos que foram tímidos, burocráticos, a Fernanda Couto agradeceu muito a presença de todos. Foi constrangedor, a impressão que eu tive é que eles sabem que têm um produto para apresentar que não é bom. Mas mesmo assim, claro, fazem seu papel.
Brincando com a Morte
Com Kiko Vianello, Fernanda Couto, Edu Guimarães,Tadeu Di Pyetro
Direção de Alexandre Tenório
Texto de Joe Orton, com tradução de Eduardo Muniz
Teatro Cultura Artística Itaim, até 02/jun/13
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