Minha segunda visita ao Teatro Folha nesse ano, dessa vez para assistir ´Ivan Lins em Cena´:
O Teatro Folha não é dos meus preferidos, como deixei claro em ´A Vida Sexual da Mulher Feia´. Mas dessa vez fiquei no bloco central de poltronas da platéia, que se não é uma maravilha em termos de conforto, é bem melhor do que ficar nos mezaninos laterais.
Eu sou fã declarado da obra do Ivan Lins, então assim que soube através do perfil dele no Facebook que essa montagem estava sendo preparada, já me interessei em assistir. Eu imaginava algo como ´Rock in Rio´, com personagens que fossem vivendo situações retratadas nas músicas, ou mesmo que tivessem a música como ´trilha sonora´ de suas vidas. Não é bem isso o que acontece, e a rigor, nem sei se o que vemos no palco é bem uma ´peça de teatro´, ou mais uma apresentação musical com dança e alguns elementos cênicos.
Uma coisa diferente, e que me chamou a atenção, é que no programa está escrito que foi a empresa ´Conteúdo Teatral´ que bancou todos os custos, sem patrocínio e sem apoio das leis de incentivo à cultura. Por isso não houve nenhuma projeção de propaganda antes do início do espetáculo, mas talvez por essa razão tenham até esquecido de colocar os avisos obrigatórios de segurança.
Quando a cortina se abre, temos um pequeno conjunto musical na lateral esquerda do palco ( teclado / baixo / bateria ), e um grupo de jovens em cena, apoiados por uma mesa branca, algumas cadeiras, um poste de luz de jardim... Na verdade, não há bem cenário, todos os elementos são móveis e entram e saem de cena conforme o momento, levados pelos próprios atores. Ao fundo, um tecido branco faz as vezes de tela de projeção, onde aparecem fragmentos de uma entrevista com o próprio Ivan, além de clipes com imagens dos anos 70 e 80, a repressão policial a manifestações, os comícios pela volta das eleições diretas para presidente... Na verdade, tem até pouco material assim, e os trechos mais interessantes são mesmo as falas do Ivan. Nos clipes, as mesmas poucas imagens são repetidas muitas vezes, o que acaba gerando desinteresse.
O elenco é todo formado por jovens, e na parte interna do programa há fotos de todos com um pequeno curriculum, onde se vê mais as escolas de origem do que os espetáculos dos quais já participaram. E realmente, de início dá a impressão de que estamos assistindo a um espetáculo escolar. Talvez por nervosismo, o espetáculo recém-estreou, talvez por estarem ´crus´ mesmo, dava pra perceber o nervosismo no palco. Depois, é claro, melhorou, e eu passei até a simpatizar com a moçada toda. Na verdade, a estrutura toda do espetáculo é que é bastante básica mesmo, sem grandes vôos. Não há dramaturgia propriamente dita, não há personagens, não há o desenrolar de uma história além do que as músicas do Ivan Lins sugerem ou registram. No máximo, em momentos em que a música não é cantada em coro, quem está cantando incorpora o personagem, através dos gestos, especialmente nas canções românticas. Mas nada além disso. Como não há personagens, então fica difícil avaliar os desempenhos individuais, mas de qualquer maneira, dois atores/cantores se destacam: Célia Portela, pela bela voz, e Savio Andrade, pela falta de voz...
De qualquer maneira, mesmo que o espetáculo não seja nenhuma maravilha, com o tempo eu fui simpatizando mais com o elenco. Claro que a minha impressão tem muito a ver com as músicas do Ivan e do Vítor Martins. Praticamente só foram apresentados os grandes sucessos deles, todas músicas maravilhosas: ´Daquilo que eu sei´, ´Guarde nos olhos´, ´A Noite´, ´Bilhete´, ´Saindo de mim´, ´Cartomante´, ´Aos nossos filhos´, ´Começar de novo´, Iluminado´, ´Vieste´, ´Novo tempo´, ´Antes que seja tarde´, ´Bandeira do Divino´, ´Somos todos iguais nessa noite´, ´Vitoriosa´.... . E se os arranjos não eram especiais, ao menos não descaracterizavam as canções, que na maioria das vezes eram interpretadas através de coral, com alguns momentos de duetos. Nada que fosse muito marcante, mas sem dúvida, com exceção dos poucos momentos em que a Célia Portela fez um momento solo, musicalmente o coral era o que melhor eles tinham para apresentar. Acho que a maior ousadia foi juntar ´Iluminados´ e ´Vieste´ em um dueto, e até que funcionou. Já as coreografias, achei todas um tanto insossas, muitas mãos levantadas em direção ao céu quase que o tempo todo, gente caindo ao chão em ´Cartomante´... ou seja, meio óbvio. Os elementos cenográficos de apoio, a iluminação, e tudo bastante simples, sem grandes destaques. Mas o trio de instrumentistas levou bem a parte musical, sem erros.
O saldo final da noite foi positivo: se não é nenhum grande espetáculo, sem dúvida ´Ivan Lins em Cena´ faz com que a gente passe momentos agradáveis, ouvindo as músicas de um dos grandes nomes da MPB. Até fiquei surpreso quando acabou, foram apenas 50 minutos. Poderia ter durado mais, repertório musical pra pelo menos dobrar o tempo o Ivan tem disponível.
Ivan Lins em Cena
Com Célia Portela, Savio Andrade, Edu Herrera, Laís Lenci e outros
Músicas de Ivan Lins e Vitor Martins
Direção de Isser Korik
Teatro Folha, SP, até 29/jul/14
Teatro - Diário de Bordo
quarta-feira, 11 de junho de 2014
segunda-feira, 12 de maio de 2014
Bull
Primeira visita ao Tucarena, para assistir ´Bull´:
O Tucarena fica exatamente debaixo do Teatro Tuca, mas com acesso pela rua lateral, a R. Bartira. A entrada fica meio escondida, a referência mesmo é o Tuca. O saguão do teatro é um grande retângulo com piso de granilite, teto feito com a laje nervurada aparente, com dois níveis, ao fundo uma pequena lanchonete. Concreto aparente, tijolos aparentes, bancos retos, granilite... linguagem típica da arquitetura moderna paulista, e essa linguagem bruta tem suas razões de ser também em função do incêndio criminoso que o Tuca sofreu.
Lá dentro a linguagem seca, sem ornamentos, continua na arquitetura do lugar, com o teto e pilares em concreto aparente. O palco é circular, com degraus de concreto formando uma arquibancada em toda a volta. Nos degraus há cadeiras simples, de espaldar baixo em plástico ( daquelas que dão apoio somente à região lombar ), mas com almofadinhas no assento - e esse detalhe faz toda a diferença. O desnível entre as fileiras é ótimo, e também é bom o espaço entre as linhas de poltronas. Ou seja, de modo geral, o espaço para o espectador é bem confortável.
Obviamente, não há cortinas. Quando as portas foram abertas, a Isabela ( Cynthia Falabella, irmã da Débora Falabella ) e o Thomas ( Bruno Guida ) já estavam no palco. O espaço era delimitado por um tablado circular, com uns seis metros de diâmetro, recoberto por uma forração cinza. Em cima, três mesas com tampos e pés em vidro, sendo os tampos também arredondados, formando um círculo central, e três cadeiras. Em dois lados opostos, mais duas mesas iguais, que fazem o papel de aparadores de salgadinhos e bebidas.
De início, a Isabela fica sentada, e o Thomas corre em volta do palco, fora do tablado. Corre mesmo, de modo a acelerar a respiração e ficar ofegante, e daí começa o diálogo entre os dois, com o Thomas sempre na defensiva. Logo chega mais um personagem, Tom ( Eduardo Muniz ), e a situação fica clara: são três funcionários que estão esperando o chefe para uma reunião. Mas ao contrário do que o Thomas esperava, essa não é uma reunião qualquer, é quando será decidido qual deles será demitido pelo chefe, que está para chegar - algo como o reality-show ´O Aprendiz´. Os homens estão de ternos escuros, comportados, a ´Isabela´ de tailleur, tudo dentro do ´dress-code´ corporativo.
A situação, obviamente tensa, é complicada ainda mais pelo bullying que Thomas sofre desde o início: dizem que seu terno não é adequado, que ele vem de uma família humilde, não passam informações a ele, que portanto não se preparou para a reunião... e tem a personalidade ´fraca´ em relação aos outros, é inseguro, não é esnobe... Ou visto de outra maneira, é o único ser humano decente, o único que não pisa em cima dos outros, o único que procura fazer o seu trabalho sem que para isso precise passar por cima dos outros.
Vários ´jogos´ vão sendo feitos pelo Tom e pela Isabela com o intuito de rebaixar o Thomas, chegando mesmo a fazer com que ele toque com o rosto no peito do Tom, que levanta a camisa. A crueldade dos dois candidatos em relação ao Thomas é total, ele está sempre errado, qualquer que seja a sua resposta. E a tensão vai aumentando com o momento da chegada do chefe, cujo personagem esqueci o nome, e que é representado pelo Flávio Tolezani. O Chefe, apesar de ter um discurso que em alguns momentos é mais ´humano´, tem um comportamento que não condiz com suas palavras, sendo mais um do mesmo ´time´ do Tom e da Isabela - egoísta, mordaz, destrutivo.
Não há redenção no final, não há mudanças de comportamento, os momentos de compaixão são somente ironia ou auto-indulgência. O clima da peça é de tensão constante, e as atitudes dos personagens são apresentadas até de modo ´neutro´, sem julgamentos morais. A trama toda se desenvolve sem que os personagens tenham algum tipo de conversão ou mudança em suas atitudes, todos são o que são, do começo ao fim. Sem dúvida, isso faz com que as atuações sejam bastante uniformes. Não há maiores destaques no grupo, que me pareceu ser bastante coeso. Mesmo assim, o Bruno Guida ( Thomas ), por sua fragilidade, e o Eduardo Muniz ( Tom ) com sua ironia, são quem tem mais condições de mostrar melhor desempenho.
Achei curioso que em alguns sites, como no próprio Tuca, o espetáculo seja descrito como ´comédia dramática´. Comédia, só se você for um sádico e se divertir em ver alguém sofrendo agressões psicológicas o tempo todo. É sim um drama, um bom drama, que trata de uma questão cada vez mais presente em uma economia competitiva, o ´bullying corporativo´, e de personalidades sem o menor escrúpulo que agem dessa maneira com a desculpa de que ´o mundo é assim´.
Bull
Com Bruno Guida, Cynthia Falabella, Eduardo Muniz e Flávio Tolezani
Texto de Mike Bartlett
Direção de Eduardo Muniz e Flávio Tolezani
Tucarena, SP, até 01/jun/14
Não havia programas, essa é obviamente uma imagem da internet |
O Tucarena fica exatamente debaixo do Teatro Tuca, mas com acesso pela rua lateral, a R. Bartira. A entrada fica meio escondida, a referência mesmo é o Tuca. O saguão do teatro é um grande retângulo com piso de granilite, teto feito com a laje nervurada aparente, com dois níveis, ao fundo uma pequena lanchonete. Concreto aparente, tijolos aparentes, bancos retos, granilite... linguagem típica da arquitetura moderna paulista, e essa linguagem bruta tem suas razões de ser também em função do incêndio criminoso que o Tuca sofreu.
Lá dentro a linguagem seca, sem ornamentos, continua na arquitetura do lugar, com o teto e pilares em concreto aparente. O palco é circular, com degraus de concreto formando uma arquibancada em toda a volta. Nos degraus há cadeiras simples, de espaldar baixo em plástico ( daquelas que dão apoio somente à região lombar ), mas com almofadinhas no assento - e esse detalhe faz toda a diferença. O desnível entre as fileiras é ótimo, e também é bom o espaço entre as linhas de poltronas. Ou seja, de modo geral, o espaço para o espectador é bem confortável.
Obviamente, não há cortinas. Quando as portas foram abertas, a Isabela ( Cynthia Falabella, irmã da Débora Falabella ) e o Thomas ( Bruno Guida ) já estavam no palco. O espaço era delimitado por um tablado circular, com uns seis metros de diâmetro, recoberto por uma forração cinza. Em cima, três mesas com tampos e pés em vidro, sendo os tampos também arredondados, formando um círculo central, e três cadeiras. Em dois lados opostos, mais duas mesas iguais, que fazem o papel de aparadores de salgadinhos e bebidas.
De início, a Isabela fica sentada, e o Thomas corre em volta do palco, fora do tablado. Corre mesmo, de modo a acelerar a respiração e ficar ofegante, e daí começa o diálogo entre os dois, com o Thomas sempre na defensiva. Logo chega mais um personagem, Tom ( Eduardo Muniz ), e a situação fica clara: são três funcionários que estão esperando o chefe para uma reunião. Mas ao contrário do que o Thomas esperava, essa não é uma reunião qualquer, é quando será decidido qual deles será demitido pelo chefe, que está para chegar - algo como o reality-show ´O Aprendiz´. Os homens estão de ternos escuros, comportados, a ´Isabela´ de tailleur, tudo dentro do ´dress-code´ corporativo.
A situação, obviamente tensa, é complicada ainda mais pelo bullying que Thomas sofre desde o início: dizem que seu terno não é adequado, que ele vem de uma família humilde, não passam informações a ele, que portanto não se preparou para a reunião... e tem a personalidade ´fraca´ em relação aos outros, é inseguro, não é esnobe... Ou visto de outra maneira, é o único ser humano decente, o único que não pisa em cima dos outros, o único que procura fazer o seu trabalho sem que para isso precise passar por cima dos outros.
Vários ´jogos´ vão sendo feitos pelo Tom e pela Isabela com o intuito de rebaixar o Thomas, chegando mesmo a fazer com que ele toque com o rosto no peito do Tom, que levanta a camisa. A crueldade dos dois candidatos em relação ao Thomas é total, ele está sempre errado, qualquer que seja a sua resposta. E a tensão vai aumentando com o momento da chegada do chefe, cujo personagem esqueci o nome, e que é representado pelo Flávio Tolezani. O Chefe, apesar de ter um discurso que em alguns momentos é mais ´humano´, tem um comportamento que não condiz com suas palavras, sendo mais um do mesmo ´time´ do Tom e da Isabela - egoísta, mordaz, destrutivo.
Não há redenção no final, não há mudanças de comportamento, os momentos de compaixão são somente ironia ou auto-indulgência. O clima da peça é de tensão constante, e as atitudes dos personagens são apresentadas até de modo ´neutro´, sem julgamentos morais. A trama toda se desenvolve sem que os personagens tenham algum tipo de conversão ou mudança em suas atitudes, todos são o que são, do começo ao fim. Sem dúvida, isso faz com que as atuações sejam bastante uniformes. Não há maiores destaques no grupo, que me pareceu ser bastante coeso. Mesmo assim, o Bruno Guida ( Thomas ), por sua fragilidade, e o Eduardo Muniz ( Tom ) com sua ironia, são quem tem mais condições de mostrar melhor desempenho.
Achei curioso que em alguns sites, como no próprio Tuca, o espetáculo seja descrito como ´comédia dramática´. Comédia, só se você for um sádico e se divertir em ver alguém sofrendo agressões psicológicas o tempo todo. É sim um drama, um bom drama, que trata de uma questão cada vez mais presente em uma economia competitiva, o ´bullying corporativo´, e de personalidades sem o menor escrúpulo que agem dessa maneira com a desculpa de que ´o mundo é assim´.
Bull
Com Bruno Guida, Cynthia Falabella, Eduardo Muniz e Flávio Tolezani
Texto de Mike Bartlett
Direção de Eduardo Muniz e Flávio Tolezani
Tucarena, SP, até 01/jun/14
terça-feira, 6 de maio de 2014
Trágica 3
Mais uma visita ao Centro Cultural Banco do Brasil, dessa vez para assistir ´Trágica 3´:
Trágica 3
Com Denise Del Vecchio, Letícia Sabatella, Miwa Yanagizawa, Fernando Alves Pinto e Marcello H.
Textos de Heiner Muller, Caio de Andrade e Francisco Carlos
Direção de Guilherme Leme
CCBB SP, até 07/jul/14
´Trágica 3´ é obviamente composto de três partes, cada uma a cargo de uma atriz: Letícia Sabatella como ´Antígona´, Miwa Yanagizawa como ´Electra´ e Denise Del Vecchio como ´Medéia´. Além disso, há o complemento de Fernando Alves Pinto e Marcello H.
Os textos são sempre em primeira pessoa, como se cada uma das personagens da tragédias gregas contasse a sua própria história. Mesmo quando entram as falas do, digamos, ´elenco masculino de apoio´, as falas são voltadas diretamente para o público, sem diálogos entre os personagens.
O cenário é simples: quando as cortinas são abertas, vemos a Letícia Sabatella à direita do palco, sentada em frente a um teclado eletrônico, que ela já está tocando. No centro do palco, um tapete preto, ao fundo, está o Fernando Alves Pinto tocando um instrumento que de início eu não consegui identificar, mas depois vi que era um serrote, tocado com uma vara de violino. Do lado esquerdo, o Marcello H., em frente à uma mesa de mixagem. Durante toda a apresentação o Marcelo vai cuidando dos efeitos sonoros, e em alguns momentos, da própria trilha sonora, já que nem tudo é apresentado ao vivo.
O cenário é simples: quando as cortinas são abertas, vemos a Letícia Sabatella à direita do palco, sentada em frente a um teclado eletrônico, que ela já está tocando. No centro do palco, um tapete preto, ao fundo, está o Fernando Alves Pinto tocando um instrumento que de início eu não consegui identificar, mas depois vi que era um serrote, tocado com uma vara de violino. Do lado esquerdo, o Marcello H., em frente à uma mesa de mixagem. Durante toda a apresentação o Marcelo vai cuidando dos efeitos sonoros, e em alguns momentos, da própria trilha sonora, já que nem tudo é apresentado ao vivo.
Como eu disse, quando as cortinas se abriram quem estava em cena era a Letícia Sabatella, a ´Antígona´. Ela vai tocando e fazendo um vocalise, com o acompanhamento do Fernando Alves Pinto ao serrote, depois passa a cantar um lamento. A luz é sempre bem marcada, o palco na penumbra, um canhão forte em quem está em cena, e ao fundo, em contra-luz, um retângulo destacado sobre um fundo branco. E Antígona começa a sua história... Eu acho que aproveita melhor quem já conhece o mito, o que não era bem o meu caso, que só tinha uma vaga idéia da história. Resumindo, os irmãos de Antígona, príncipes de Tebas, com a morte do pai devem dividir a coroa. Mas o irmão que está reinando, seguindo os conselhos de seu tio Creonte, se recusa a dar lugar ao irmão. Este então busca ajuda com estrangeiros, e volta à Tebas com um exército para tomar o que julgas ser seu por direito. Nessa guerra, os dois irmãos morrem. Antígona já aí está jogando toda a sua raiva contra Creonte, por culpá-lo pela intriga entre os irmãos. Mas como tragédia grega é tragédia pra valer, ainda tem mais. Com a morte dos dois irmãos quem assume o trono é Creonte, que então dá um enterro digno ao seu sobrinho que ocupava o trono, e como considera o outro um traidor, proíbe que ele seja enterrado, deixando seu corpo ao tempo e às feras. Antígona não se conforma com isso, e propicia um enterro ao irmão, para que sua alma possa ter paz. Então Creonte determina que Antígona seja enterrada viva em uma caverna que será lacrada, e ali ela deve definhar até morrer, e Antígona aceita que esse deverá ser seu destino, por sua honra. Acabou a tragédia? Ainda não... aí entra o filho de Creonte, que é noivo de Antígona. Ele faz um belo discurso a seu pai, falando da honra dos guerreiros, de respeito aos mortos, de como um rei deve inspirar seu povo, e não fazê-lo obedecer por medo... e no fim, acaba morrendo também, pois não quer viver sem Antígona. Ou seja, eu tive que prestar atenção nessa história toda, por não conhecer direito o mito, caso contrário, poderia ter me concentrado mais nas interpretações.
De qualquer maneira, foi a parte da trilogia que menos gostei. Não pela interpretação da Letícia Sabatella, muito menos pelo Fernando Alves Pinto, que esteve ótimo. Foi pela direção mesmo, pelas escolhas cênicas. As pausas para a música, as marcações com o tambor ao fundo, os gritos.... caiu numa encenação que me deu a impressão de que iria por um caminho de ´teatro de vanguarda dos anos 70´. Não curti, e cheguei a ficar preocupado com o resto da encenação. Se fosse pelo mesmo caminho, teria sido trágico!
Mas apesar da estrutura básica da encenação se manter ( palco na penumbra / luz marcada sobre as atrizes / intervenções sonoras ), o ´episódio´ seguinte foi mais marcante. Dessa vez se tratava de Miwa Yanagizawa / Electra. Novamente, eu não sabia muito do mito grego, quase nada além de ter batizado o ´Complexo de Electra´. Não vou repetir a história aqui, porque o que me hipnotizou foi mesmo a atuação da Miwa. Após entrar em cena, ela se agacha e estende os braços horizontalmente ao lado do corpo, e os mantém suspensos no ar, a noventa graus em relação ao corpo, o tempo todo em que fica no palco! É ao mesmo tempo aflitivo, hipnótico, a gente ver aquela mulher que vai expressando a raiva, a delicadeza, o desamparo por ter perdido o pai ( Agamenon, que foi morto pela mãe, Clitemnestra ), a vingança, tudo ao mesmo tempo em que mantém o domínio absoluto dos braços suspensos, sem movimento. Obviamente, sua presença no palco é mais curta do que da Letícia Sabatella, mas achei muito mais intensa, as palavras não foram diluídas, não houve uma intromissão de gritos ou músicas que tirassem a atenção do texto. Houve sim intervenções sonoras, efeitos de eco, mas isso com o intuito de reforçar a mensagem. No caso da encenação da Antígona, isso me pareceu mais ruído do que reforço à mensagem.
De qualquer maneira, foi a parte da trilogia que menos gostei. Não pela interpretação da Letícia Sabatella, muito menos pelo Fernando Alves Pinto, que esteve ótimo. Foi pela direção mesmo, pelas escolhas cênicas. As pausas para a música, as marcações com o tambor ao fundo, os gritos.... caiu numa encenação que me deu a impressão de que iria por um caminho de ´teatro de vanguarda dos anos 70´. Não curti, e cheguei a ficar preocupado com o resto da encenação. Se fosse pelo mesmo caminho, teria sido trágico!
Mas apesar da estrutura básica da encenação se manter ( palco na penumbra / luz marcada sobre as atrizes / intervenções sonoras ), o ´episódio´ seguinte foi mais marcante. Dessa vez se tratava de Miwa Yanagizawa / Electra. Novamente, eu não sabia muito do mito grego, quase nada além de ter batizado o ´Complexo de Electra´. Não vou repetir a história aqui, porque o que me hipnotizou foi mesmo a atuação da Miwa. Após entrar em cena, ela se agacha e estende os braços horizontalmente ao lado do corpo, e os mantém suspensos no ar, a noventa graus em relação ao corpo, o tempo todo em que fica no palco! É ao mesmo tempo aflitivo, hipnótico, a gente ver aquela mulher que vai expressando a raiva, a delicadeza, o desamparo por ter perdido o pai ( Agamenon, que foi morto pela mãe, Clitemnestra ), a vingança, tudo ao mesmo tempo em que mantém o domínio absoluto dos braços suspensos, sem movimento. Obviamente, sua presença no palco é mais curta do que da Letícia Sabatella, mas achei muito mais intensa, as palavras não foram diluídas, não houve uma intromissão de gritos ou músicas que tirassem a atenção do texto. Houve sim intervenções sonoras, efeitos de eco, mas isso com o intuito de reforçar a mensagem. No caso da encenação da Antígona, isso me pareceu mais ruído do que reforço à mensagem.
No final, entra em cena a Denise Del Vecchio, que traz a Medéia ao palco. Esse era o mito que eu mais conhecia, da mulher traída que por vingança ao ex-marido, mata seus dois filhos. A Denise Del Vecchio faz uma Medéia absolutamente distinta, digna. Mesmo quando vocifera a Jasão que ela foi sua puta, ela o faz com altivez. E nesse trecho uma novidade é inserida na encenação: o retângulo que está no fundo do palco é transformado em uma tela, e ao mesmo tempo em que ela vai falando de sua relação com Jasão e de seus filhos, um filme em preto-e-branco é projetado mostrando dois meninos brincando em uma praia deserta. E novamente, isso me pareceu bastante pertinente, um reforço à encenação, e não um ruído. A presença forte da Denise em contraste com a fragilidade e a alegria dos meninos na beira da praia, para mim passava a mensagem da fragilidade em que estão assentadas as nossas vidas. A mãe amorosa e dedicada se transforma na mulher fria e vingativa. Os meninos alegres que brincam na beira do mar terminam como pés jogados na areia. Medéia só pode mesmo ser representada por uma atriz madura, duvido que alguém com vinte, trinta anos conseguisse tanto impacto.
No final, o saldo foi positivo. É logicamente uma peça difícil, não há um único momento de ´descanso´, de risada - mas o que se poderia esperar com algo com esse título? Mas ao contrário da última peça que vi no CCBB, ´Tríptico Samuel Beckett´,´Tragédia 3´ é absolutamente inteligível, palatável. Ao menos para alguém como eu.
Acabei não comentando sobre os figurinos. O Fernando Alves Pinto utilizava calça e camisa, bem discretos. O Marcello H., como nem saiu detrás da mesa de som, não reparei como estava vestido. Só lembro que todos estavam descalços, então provavelmente ele também estava. Mas as três atrizes estavam com vestidos modernos, retos, sem babados ou fricotes, todos muito elegantes, especialmente o da Denise Del Vecchio, todo preto. Após a peça é que vi que os figurinos são da Glória Coelho.
Acabei não comentando sobre os figurinos. O Fernando Alves Pinto utilizava calça e camisa, bem discretos. O Marcello H., como nem saiu detrás da mesa de som, não reparei como estava vestido. Só lembro que todos estavam descalços, então provavelmente ele também estava. Mas as três atrizes estavam com vestidos modernos, retos, sem babados ou fricotes, todos muito elegantes, especialmente o da Denise Del Vecchio, todo preto. Após a peça é que vi que os figurinos são da Glória Coelho.
Trágica 3
Com Denise Del Vecchio, Letícia Sabatella, Miwa Yanagizawa, Fernando Alves Pinto e Marcello H.
Textos de Heiner Muller, Caio de Andrade e Francisco Carlos
Direção de Guilherme Leme
CCBB SP, até 07/jul/14
domingo, 4 de maio de 2014
Ricardo III
Mais uma montagem de Shakespeare, dessa vez no Centro Cultural São Paulo:
Primeira visita ao Centro Cultural São Paulo em muitos anos, e a primeira vez que assisto uma peça de teatro lá, na Sala Jardel Filho. O Centro Cultural é um tremendo projeto de arquitetura dos anos 70, realmente muito bom. Toma partido do grande desnível entre a Rua Vergueiro e a Av. 23 de Maio, tem espaços amplos, integrados, uma cobertura bastante escultórica, bons espaços de convivência. Mas também tem seus muitos problemas, típicos de obras públicas: infiltrações, falta de manutenção, falta de orientação.... por outro lado, é um dos raros lugares de convivência urbana de São Paulo. Lá a gente tem a sensação de que se não todas, várias ´tribos urbanas´ convivem harmoniosamente. Em pleno sábado à noite, ao mesmo tempo em que várias mesas da lanchonete estavam lotadas com grupos de estudo - aparentemente estudantes de nível secundário -, na entrada havia um grupo de ´street dance´ ensaiando seus passos acrobáticos, gente com violão... Bastante interessante de se ver
Lá dentro a sala está em bom estado de conservação, de modo geral. As poltronas são de couro, com o assento pendurado em uma trave de madeira que faz as vezes de encosto, e sustentadas também pelas laterais em madeira - assim, cada assento é um pequeno balanço, o que facilita permitir o acesso a outras pessoas. O estofado do assento é que poderia ser mais caprichado... quase três horas sentado em uma tábua não é fácil! Já a diferença de nível entre as fileiras é ótima, então a não ser que alguém vestido com um chapéu de guarda do Palácio de Buckingham sente à frente, ninguém terá problemas para enxergar o palco. O espaço entre as poltronas não é tão generoso para as pernas, por isso eu escolhi um assento na extremidade da fileira e pude esticar as pernas em direção ao corredor, já que os lugares não são marcados.
Os ingressos só são vendidos no próprio Centro Cultural São Paulo, e no mesmo dia do espetáculo, sendo que a bilheteria abre duas horas antes. Não sei porque causar esse incômodo, afinal ir até lá sem saber se vai haver ingressos disponíveis é sempre desconfortável. Em todo caso, cheguei logo que a bilheteria foi aberta, para não correr o risco de perder a viagem. Junto com os ingressos foram entregues os programas, que têm o formato de um jornal tablóide. Felizmente havia muito o que ler, e uma informação preciosa: a montagem faz parte do ´Projeto 39´, que pretende levar aos palcos todas as peças de Shakespeare. Se for possível, estarei em todas!
De início, o que vemos é um tablado redondo, gigante, que ocupa quase todo o palco e se projeta também para fora dele. Nas laterais e ao fundo, uma cortina preta, e pendurado no fundo do palco, um sino. A ação tem início com o badalar desse sino, que comemora o fim da Guerra dos Rosas ( duas famílias que lutaram pelo poder na Inglaterra medieval, e ambas tinham como símbolo rosas, brancas e vermelhas ). Quem venceu foram os York, e agora o líder Eduardo ( Heitor Goldlus ) é coroado rei da Inglaterra, com o título de Eduardo IV. Sua esposa é a rainha Elizabeth ( Mayara Magri, o nome mais conhecido do elenco ). Resumindo muito a história, que é bastante complexa, após a vitória do seu grupo, o duque de Gloucester, Ricardo ( Chico Carvalho ), põe em prática um plano de conseguir o poder, sem medir as consequências - logo de início, através de intrigas ele leva o irmão, Clearance ( André Corrêa ) à prisão, e depois à morte.
O drama impera em todo o texto, mas alguns momentos de ironia e pura desfaçatez são engraçados. Todos eles protagonizados pelo grande nome da montagem, Chico Carvalho. Ele faz o Ricardo III com muita expressividade, demonstrando todo o maquiavelismo do personagem, sua falta de escrúpulos, sua cobiça, mas também a sua fragilidade e solidão. É nítido o esforço físico dele, que praticamente não sai de cena o tempo todo. Aliás, a montagem se espalha pelo teatro, tomando partido dos dois corredores largos que dividem os blocos de assentos, e em inúmeros momentos os atores vem e vão através dos degraus dos corredores. Outra interpretação que achei marcante foi a da Rainha Margareth ( Renata Zhaneta ), que é ex-rainha mãe da Inglaterra, pois foi seu filho quem foi deposto com a chegada dos York ao poder. Ela é um verdadeiro agouro ambulante, distribuindo pragas a torto e a direito, e a interpretação mais caricata me pareceu bastante interessante. Mas se na minha opinião se destacam esses dois atores, não há ninguém que eu possa dizer que tenha ido mal, pelo contrário.
A tradução manteve a grande fluência de Shakespeare, com longas frases, mas utilizando uma linguagem moderna e absolutamente compreensível. Depois de terminada a peça é que me dei conta de que em nenhum momento algum ator cometeu alguma falha de dicção ou engasgou com o texto, coisa nada fácil em uma peça de mais de duas horas e meia de duração ( com um pequeno intervalo ). Sinal de que a equipe toda está redondinha, funcionando perfeitamente, com todos muito seguros em seus papéis.
Ia esquecendo de comentar sobre os figurinos: não são representações de época, muito pelo contrário. As mulheres utilizam vestidos que me parecem remeter à Era Vitoriana, enquanto os homens utilizam calças jeans pretas e coturnos em sua maioria, com sobretudos ou casacos de lã sobre as camisas. E enquanto quase todas as mulheres representam os mesmos personagens durante toda a peça, vários dos atores homens interpretam dois ou até três papéis, sem alterar o figurino, com a possível exceção do Heitor Goldflus.
A temporada já está acabando, mas vale a pena correr até o Centro Cultural São Paulo para assistir essa peça. Desde já, posso dizer que entra nas melhores de 2014.
Ricardo III
Com Chico Carvalho, Mayara Magri, André Corrêa, Heitor Goldflus, Renata Zhaneta
Texto de William Shakespeare, tradução e adaptação de Jorge Louraço
Direção de Marcelo Lazzaratto
Centro Cultural São Paulo, até 11/mai/14
Primeira visita ao Centro Cultural São Paulo em muitos anos, e a primeira vez que assisto uma peça de teatro lá, na Sala Jardel Filho. O Centro Cultural é um tremendo projeto de arquitetura dos anos 70, realmente muito bom. Toma partido do grande desnível entre a Rua Vergueiro e a Av. 23 de Maio, tem espaços amplos, integrados, uma cobertura bastante escultórica, bons espaços de convivência. Mas também tem seus muitos problemas, típicos de obras públicas: infiltrações, falta de manutenção, falta de orientação.... por outro lado, é um dos raros lugares de convivência urbana de São Paulo. Lá a gente tem a sensação de que se não todas, várias ´tribos urbanas´ convivem harmoniosamente. Em pleno sábado à noite, ao mesmo tempo em que várias mesas da lanchonete estavam lotadas com grupos de estudo - aparentemente estudantes de nível secundário -, na entrada havia um grupo de ´street dance´ ensaiando seus passos acrobáticos, gente com violão... Bastante interessante de se ver
Lá dentro a sala está em bom estado de conservação, de modo geral. As poltronas são de couro, com o assento pendurado em uma trave de madeira que faz as vezes de encosto, e sustentadas também pelas laterais em madeira - assim, cada assento é um pequeno balanço, o que facilita permitir o acesso a outras pessoas. O estofado do assento é que poderia ser mais caprichado... quase três horas sentado em uma tábua não é fácil! Já a diferença de nível entre as fileiras é ótima, então a não ser que alguém vestido com um chapéu de guarda do Palácio de Buckingham sente à frente, ninguém terá problemas para enxergar o palco. O espaço entre as poltronas não é tão generoso para as pernas, por isso eu escolhi um assento na extremidade da fileira e pude esticar as pernas em direção ao corredor, já que os lugares não são marcados.
Os ingressos só são vendidos no próprio Centro Cultural São Paulo, e no mesmo dia do espetáculo, sendo que a bilheteria abre duas horas antes. Não sei porque causar esse incômodo, afinal ir até lá sem saber se vai haver ingressos disponíveis é sempre desconfortável. Em todo caso, cheguei logo que a bilheteria foi aberta, para não correr o risco de perder a viagem. Junto com os ingressos foram entregues os programas, que têm o formato de um jornal tablóide. Felizmente havia muito o que ler, e uma informação preciosa: a montagem faz parte do ´Projeto 39´, que pretende levar aos palcos todas as peças de Shakespeare. Se for possível, estarei em todas!
De início, o que vemos é um tablado redondo, gigante, que ocupa quase todo o palco e se projeta também para fora dele. Nas laterais e ao fundo, uma cortina preta, e pendurado no fundo do palco, um sino. A ação tem início com o badalar desse sino, que comemora o fim da Guerra dos Rosas ( duas famílias que lutaram pelo poder na Inglaterra medieval, e ambas tinham como símbolo rosas, brancas e vermelhas ). Quem venceu foram os York, e agora o líder Eduardo ( Heitor Goldlus ) é coroado rei da Inglaterra, com o título de Eduardo IV. Sua esposa é a rainha Elizabeth ( Mayara Magri, o nome mais conhecido do elenco ). Resumindo muito a história, que é bastante complexa, após a vitória do seu grupo, o duque de Gloucester, Ricardo ( Chico Carvalho ), põe em prática um plano de conseguir o poder, sem medir as consequências - logo de início, através de intrigas ele leva o irmão, Clearance ( André Corrêa ) à prisão, e depois à morte.
O drama impera em todo o texto, mas alguns momentos de ironia e pura desfaçatez são engraçados. Todos eles protagonizados pelo grande nome da montagem, Chico Carvalho. Ele faz o Ricardo III com muita expressividade, demonstrando todo o maquiavelismo do personagem, sua falta de escrúpulos, sua cobiça, mas também a sua fragilidade e solidão. É nítido o esforço físico dele, que praticamente não sai de cena o tempo todo. Aliás, a montagem se espalha pelo teatro, tomando partido dos dois corredores largos que dividem os blocos de assentos, e em inúmeros momentos os atores vem e vão através dos degraus dos corredores. Outra interpretação que achei marcante foi a da Rainha Margareth ( Renata Zhaneta ), que é ex-rainha mãe da Inglaterra, pois foi seu filho quem foi deposto com a chegada dos York ao poder. Ela é um verdadeiro agouro ambulante, distribuindo pragas a torto e a direito, e a interpretação mais caricata me pareceu bastante interessante. Mas se na minha opinião se destacam esses dois atores, não há ninguém que eu possa dizer que tenha ido mal, pelo contrário.
A tradução manteve a grande fluência de Shakespeare, com longas frases, mas utilizando uma linguagem moderna e absolutamente compreensível. Depois de terminada a peça é que me dei conta de que em nenhum momento algum ator cometeu alguma falha de dicção ou engasgou com o texto, coisa nada fácil em uma peça de mais de duas horas e meia de duração ( com um pequeno intervalo ). Sinal de que a equipe toda está redondinha, funcionando perfeitamente, com todos muito seguros em seus papéis.
Ia esquecendo de comentar sobre os figurinos: não são representações de época, muito pelo contrário. As mulheres utilizam vestidos que me parecem remeter à Era Vitoriana, enquanto os homens utilizam calças jeans pretas e coturnos em sua maioria, com sobretudos ou casacos de lã sobre as camisas. E enquanto quase todas as mulheres representam os mesmos personagens durante toda a peça, vários dos atores homens interpretam dois ou até três papéis, sem alterar o figurino, com a possível exceção do Heitor Goldflus.
A temporada já está acabando, mas vale a pena correr até o Centro Cultural São Paulo para assistir essa peça. Desde já, posso dizer que entra nas melhores de 2014.
Ricardo III
Com Chico Carvalho, Mayara Magri, André Corrêa, Heitor Goldflus, Renata Zhaneta
Texto de William Shakespeare, tradução e adaptação de Jorge Louraço
Direção de Marcelo Lazzaratto
Centro Cultural São Paulo, até 11/mai/14
Marcadores:
2014,
André Corrêa,
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Mayara Magri,
Renata Zhaneta,
Shakespeare
Local:
São Paulo - SP, Brasil
domingo, 27 de abril de 2014
Entredentes
Entredentes, no Teatro Anchieta – Sesc Consolação
O Teatro Anchieta é o mesmo de ´Ah, a Humanidade... ´ velhinho, mas
confortável. Dessa vez fiquei em uma das últimas poltronas, mas mesmo assim
tinha uma boa visão do palco. Quem estava ainda mais para o fundo era a Elza
Soares, que inclusive foi homenageada ao final da peça.
Havia duas coisas que me despertaram o interesse nessa montagem: assistir ao trabalho do Ney Latorraca,
que eu só tinha visto em cena no ´ O Mistério de Irma Vap´, acho que mais de
quinze anos atrás, e também ver uma obra do
Gerald Thomas, que eu nunca havia assistido. Sobre o Ney, sem dúvida é um
grande ator, conhecidíssimo do público por suas atuações em novelas e
minisséries. Já o Gerald Thomas é uma figura mais enigmática. Eu simpatizo com
a ´persona´ pública dele, gosto do jeito
como ele se expressa nas entrevistas, a visão de um cidadão do mundo, mas
extremamente conectado ao Brasil. E sei que as peças dele não são fáceis...
E realmente, é difícil por exemplo dizer qual o ´enredo´
da peça. O cenário é um painel ao
fundo, onde há uma projeção gigante de uma vagina em preto e branco. De início temos os dois atores, Ney Latorraca
e Edi Botelho, vestidos de astronautas,
e fazem uma coreografia como se estivessem em um lugar com baixa
gravidade. Depois lançam confetes para cima, retiram os seus capacetes, e
começa o diálogo entre os dois, cujos nomes dos personagens eram respectivamente ´Ney´ e ´Didi´. O assunto? Sei lá, a relação entre os dois, as
manias, as histórias em comum, quase como se fossem um casal. Quase ia esquecendo: assim que tira o capacete, o Ney ( personagem ou ator?) canta ´Chão de Estrelas´, de um jeito até muito bonito.
Depois ambos retiram as roupas de astronautas e ao figurino
que estava por debaixo, que são roupas comuns,
são acrescentados um quipá ao Ney, e um keffiyeh ao Didi. Para essa entrada dos objetos em cena dois
contra-regras adentram ao palco, e tanto na entrada quanto na saída de cena
eles vão executando uma certa coreografia. Isso se repete em todas as entradas
deles, quando vão levar e retirar outros objetos de cena, como as vassouras que
são utilizadas para retirar os confetes que estavam no chão, e mais tarde essas vassouras se tornam também espadas.
Mas como ia falando, quando os dois se caracterizam como
árabe e judeu a projeção ao fundo é apagada, e aparece uma tela no centro do
palco com um muro moderno, todo pixado. A
partir daí entendemos que estão em frente ao Muro das Lamentações, pelas referências religiosas da conversa entre
os dois. E aparecem alusões ao que me parece serem obsessões do diretor,
pelo que já vi em entrevistas dele: o Holocausto, o atentado de 11 de
setembro...
Para mim é difícil estabelecer uma ordem cronológica de toda
a encenação, mas se não me engano depois que o quipá e o keffiyeh são retirados, a conversa entre os
personagens masculinos passa a tratar de referências ao Brasil, e é aí que a
atriz portuguesa Maria de Lima ( personagem: Maria, é claro! ) entra
em cena. Magra, cambaleante, de vestido vermelho, se não fosse pelo sotaque não
seria possível dizer que é portuguesa, já que não tem o biótipo que associamos
a eles. E ela entra com muita força em cena, falando muito sobre o Brasil,
dizendo alguns elogios e algumas verdades inconvenientes. O gestual dela é muito mais forte, muito mais
agressivo do que dos outros atores.
Depois ela sai de cena, retornando no final da peça. Mas basicamente não
há interação dela com os outros atores, mais é um monólogo dentro da peça, como
se ela tecesse comentários sobre o que os outros disseram.
E acho que a palavra-chave desse espetáculo é
´comentários´. O que a gente tem em cena
é um grande texto com vários e vários comentários do autor, sobre a situação do
Brasil, a situação global, questões sexuais, obsessões, críticas, Chico Xavier, Wittgenstein, a situação da Síria, da Ucrânia... São quase três horas de espetáculo sem intervalo,
e a partir do momento em que os capacetes de astronauta são retirados
praticamente não há silêncio, mas sempre uma verborragia contínua. Acho que a verborragia só é quebrada por alguns momentos quando algumas palavras são repetidas, ´it´s amazing, it´s amazing, it´s amazing´.... Aliás, em alguns momentos parecia haver uma certa alienação do Ney, o que me lembrava o personagem da TV Pirata, o Barbosa.
Ao sair do teatro
fiquei pensando no sentido de tudo o que eu acabei de ver, e
principalmente, de ouvir. Difícil estabelecer um julgamento sobre algo tão fora
do habitual, mas que por isso mesmo, foi interessante de se assistir. O tempo
todo eu estive ligado no que acontecia em cena, e tenho a impressão de que toda
a plateia também. Aliás, sobre a plateia, de vez em quando aparecia um riso
solto. Ou sou muito burro e não percebia do que aquela pessoa estava rindo, ou
o tal estava rindo para dizer a si mesmo
´como sou inteligente, percebo coisas nas entrelinhas que só eu vejo´....
Pra terminar, um comentário sobre o que aconteceu ainda
antes do início da peça: ouvimos uma voz falando para desligar os celulares e
fazendo uma gracinha, algo como apagar os ´Edsons Celularis´ ou coisa assim. E
de repente sai detrás da cortina o próprio Gerald Thomas. E no final, após os
aplausos, quem chamou a atenção de todos para a presença de Elza Soares foi
ele. Ou seja, o autor/diretor esteve o tempo todo presente na encenação. Não
sei se isso só foi possível nesse dia, ou se ele realmente acompanha as
apresentações durante toda a curta temporada. Mas achei isso muito legal, algo
condizente com o teatro ´de autor´ que presenciamos.
Posso novamente não ser capaz de entender muito do que estiver em cena, mas a experiência de assistir a uma peça do Gerald Thomas é realmente diferente e interessante.
´Entredentes´
Com Ney Latorraca, Edi Botelho e Maria de Lima
Texto e direção de Gerald Thomas
Sesc Consolação, SP, até 11/mai/14
Posso novamente não ser capaz de entender muito do que estiver em cena, mas a experiência de assistir a uma peça do Gerald Thomas é realmente diferente e interessante.
´Entredentes´
Com Ney Latorraca, Edi Botelho e Maria de Lima
Texto e direção de Gerald Thomas
Sesc Consolação, SP, até 11/mai/14
sexta-feira, 18 de abril de 2014
Falstaff
A ópera do mês, na programação do Theatro Municipal foi Falstaff:
Eu não conhecia quase nada sobre essa ópera, que entra na programação dos festejos pelos 450 anos de nascimento de William Shakespeare - Falstaff é um personagem secundário que aparece obras do bardo - o que eu fiquei sabendo pela leitura do programa, sempre muito bom, além de bem produzido graficamente, os programas das óperas do Municipal são verdadeiros livros, com a transcrição de todas as falas, e mais importante, com pequenos ensaios sobre os espetáculos que são apresentados. Vale a pena adquirir e ir lendo antes da peça começar.
Sobre a parte musical, eu não conhecia nenhuma passagem da ópera, não reconheci nenhum trecho, nada. O que às vezes é uma vantagem, deixa a gente mais aberto para o que vamos ouvir.
A cenografia era a reprodução do próprio Municipal de São Paulo, mostrando as grades dos andares internos da platéia, como que refletidas num espelho. De início não entendi a razão disso, para mim só ficou claro mais no final da peça. Dessa vez não havia mudanças de cenário, do começo ao fim era sempre o mesmo, as modificações visuais ficavam apenas por conta da iluminação. Quando os atores entraram em cena, a intervenção feita na foto do Verdi na capa do programa ficou clara: parte deles estava vestida como punks. A ação foi levada para algum momento entre a década de 70 e os dias atuais, na Inglaterra, com punks convivendo com gente vestida quase como que no século XIX. Mas não é isso que chega a delimitar um conflito claro no enredo, punks contra aristocratas. Os figurinos eram caprichados, mesmo os punks não eram tão ´punks´ assim, tive a impressão de que o esmero visual os deixou com um visual menos agressivo, e mais para a tribo que aqui no Brasil conhecemos como ´góticos´.
Tudo na história gira em torno do personagem que dá nome à ópera, Falstaff. Ele é um velho boêmio e decadente, dono de uma taverna, e apesar de velho, gordo e falido, ainda acredita ser o próprio ´dom juan´, com um charme irresistível sobre as mulheres. Acho que não vale a pena ficar transcrevendo aqui o enredo da peça, que é bem movimentado. Mas se o personagem principal é inadequado à realidade que o cerca, o intérprete é perfeitamente adequado ao personagem. Ele praticamente não sai de cena, e sem demérito aos demais cantores, leva a obra toda nas costas. Acredito que seja em função dele ter alguns momentos de descanso é que há dois intervalos, já que nessas interrupções não acontecem mudanças de cenário. Estamos falando de Ambrogio Maestri, que tem inclusive o tipo físico correspondente ao personagem, com sua cintura bastante roliça, para dizer o mínimo. Ele tem uma presença magnética no palco, naturalmente todas as atenções se dirigem a ele. As falas mais engraçadas, as passagens mais fortes, tudo é concentrado no personagem Falstaff, e se o cantor não desse conta do recado, com certeza as três horas de apresentação se transformariam em uma tortura. De modo algum isso aconteceu, o Ambrogio Maestri dominou totalmente a cena, o tempo todo. Lendo sobre ele após a apresentação, fiquei sabendo que é considerado hoje o melhor intérprete para esse papel, tendo se apresentado no Metropolitan de Nova York, no Scala de Milão. Foi realmente uma noite de alto padrão, e apesar de não ser músico, acho que pelo fato de estar frequentando a temporada lírica desde o ano passado, está dando para perceber a evolução musical da Orquestra do Municipal. Não sei como expressar isso tecnicamente, mas me parece que o som está mais ´redondo´, mais equilibrado, todo mundo entrando junto, enfim, uma parte musical mais gostosa de se ouvir. E que venha Carmem, de Bizet!
Falstaff
Com Ambrogio Maestri, Rodrigo Esteves, Blagoj Nacoski, Adriane Querioz, Lina Mendes, Romina Boscolo
Ópera de Giuseppe Verdi, com libreto de Arrigo Bolto
Regência de John Neschling
Theatro Municipal de São Paulo, até 24/abr/14
Eu não conhecia quase nada sobre essa ópera, que entra na programação dos festejos pelos 450 anos de nascimento de William Shakespeare - Falstaff é um personagem secundário que aparece obras do bardo - o que eu fiquei sabendo pela leitura do programa, sempre muito bom, além de bem produzido graficamente, os programas das óperas do Municipal são verdadeiros livros, com a transcrição de todas as falas, e mais importante, com pequenos ensaios sobre os espetáculos que são apresentados. Vale a pena adquirir e ir lendo antes da peça começar.
Sobre a parte musical, eu não conhecia nenhuma passagem da ópera, não reconheci nenhum trecho, nada. O que às vezes é uma vantagem, deixa a gente mais aberto para o que vamos ouvir.
A cenografia era a reprodução do próprio Municipal de São Paulo, mostrando as grades dos andares internos da platéia, como que refletidas num espelho. De início não entendi a razão disso, para mim só ficou claro mais no final da peça. Dessa vez não havia mudanças de cenário, do começo ao fim era sempre o mesmo, as modificações visuais ficavam apenas por conta da iluminação. Quando os atores entraram em cena, a intervenção feita na foto do Verdi na capa do programa ficou clara: parte deles estava vestida como punks. A ação foi levada para algum momento entre a década de 70 e os dias atuais, na Inglaterra, com punks convivendo com gente vestida quase como que no século XIX. Mas não é isso que chega a delimitar um conflito claro no enredo, punks contra aristocratas. Os figurinos eram caprichados, mesmo os punks não eram tão ´punks´ assim, tive a impressão de que o esmero visual os deixou com um visual menos agressivo, e mais para a tribo que aqui no Brasil conhecemos como ´góticos´.
Tudo na história gira em torno do personagem que dá nome à ópera, Falstaff. Ele é um velho boêmio e decadente, dono de uma taverna, e apesar de velho, gordo e falido, ainda acredita ser o próprio ´dom juan´, com um charme irresistível sobre as mulheres. Acho que não vale a pena ficar transcrevendo aqui o enredo da peça, que é bem movimentado. Mas se o personagem principal é inadequado à realidade que o cerca, o intérprete é perfeitamente adequado ao personagem. Ele praticamente não sai de cena, e sem demérito aos demais cantores, leva a obra toda nas costas. Acredito que seja em função dele ter alguns momentos de descanso é que há dois intervalos, já que nessas interrupções não acontecem mudanças de cenário. Estamos falando de Ambrogio Maestri, que tem inclusive o tipo físico correspondente ao personagem, com sua cintura bastante roliça, para dizer o mínimo. Ele tem uma presença magnética no palco, naturalmente todas as atenções se dirigem a ele. As falas mais engraçadas, as passagens mais fortes, tudo é concentrado no personagem Falstaff, e se o cantor não desse conta do recado, com certeza as três horas de apresentação se transformariam em uma tortura. De modo algum isso aconteceu, o Ambrogio Maestri dominou totalmente a cena, o tempo todo. Lendo sobre ele após a apresentação, fiquei sabendo que é considerado hoje o melhor intérprete para esse papel, tendo se apresentado no Metropolitan de Nova York, no Scala de Milão. Foi realmente uma noite de alto padrão, e apesar de não ser músico, acho que pelo fato de estar frequentando a temporada lírica desde o ano passado, está dando para perceber a evolução musical da Orquestra do Municipal. Não sei como expressar isso tecnicamente, mas me parece que o som está mais ´redondo´, mais equilibrado, todo mundo entrando junto, enfim, uma parte musical mais gostosa de se ouvir. E que venha Carmem, de Bizet!
Falstaff
Com Ambrogio Maestri, Rodrigo Esteves, Blagoj Nacoski, Adriane Querioz, Lina Mendes, Romina Boscolo
Ópera de Giuseppe Verdi, com libreto de Arrigo Bolto
Regência de John Neschling
Theatro Municipal de São Paulo, até 24/abr/14
segunda-feira, 7 de abril de 2014
Também queria te dizer - cartas masculinas
Mais uma visita ao Teatro Eva Herz, depois de ´Florilégio II, o Musical´. O Teatro Eva Herz tem curadoria do Dan Stulbach, e tem se firmado
como um espaço de pequenas e boas montagens. ´Também queria te dizer´ não
foge à regra.
Quando entramos, o cenário dava a impressão de que a ação se
desenrolaria em um apartamento de homem solteiro, ou melhor ainda, de homem
recém-solteiro. Uma cadeira de balanço à direita, uma mesa com bebidas à
esquerda, bem na frente uma pequena estante montada com tábuas e latas de
tinta, com revistas e cartas espalhadas sobre a prateleira. E ao fundo um
painel com uma colagem.
O texto é um monólogo, são seis pequenas histórias, crônicas
retiradas do livro ´Tudo o que eu queria te dizer´ de Martha Medeiros, e obviamente, todas elas
escritas a partir de um olhar masculino. É como se fossem seis homens se
abrindo a um psicólogo, ou a um grande amigo, ou escrevendo um diário... seis histórias, umas mais engraçadas, como a
do louco, outras mais tocantes, como a do jovem que causou um acidente de carro
onde faleceu seu amigo. Mas cada uma com seu jeito, com sua característica
muito particular.
O Emílio Orciolo tem um pequeno momento de ´transmutação´ entre cada uma das cenas, onde ele interage com o painel no fundo, ao som de uma música alta. Em alguns momentos, achei essas passagens um tanto agressivas, descoladas do tom geral da apresentação. Mas enfim...
O Emílio Orciolo tem um pequeno momento de ´transmutação´ entre cada uma das cenas, onde ele interage com o painel no fundo, ao som de uma música alta. Em alguns momentos, achei essas passagens um tanto agressivas, descoladas do tom geral da apresentação. Mas enfim...
Monólogos são perigosos, é fácil cair na mesmice e ficar
desinteressante. O fato de haver seis personagens diferentes ajuda. Mas acho
que também há o risco de se cair na caricatura, e felizmente, não foi o caso. É
claro que em alguns momentos os personagens não me tocaram, não me foram
interessantes. Acredito que isso possa ter ocorrido com todo mundo, mas é legal
ver um ator que consegue realmente dar vida a seis pessoas diferentes. Sem
maquiagem, sem troca de figurino, sem nada além da entonação da voz e da
mudança de postura.
Após os aplausos o Emílio convida a todos para um pequeno bate-papo, que foi ainda mais curto pela necessidade dele de ir para o aeroporto. Mas achei uma atitude simpática ter o ator ali disponível para conversar com o público. E também foi simpática a atitude dele de fornecer a quem quisesse cópias de uma carta de agradecimento. Aliás, quando saí é que notei que as cartas que estão dispostas no cenário são cartas ´reais´, endereçadas ao Emílio.
Uma curiosidade: ao meu lado sentou uma atriz global da nova geração, Maria Casadevall. Realmente a tv deve engordar a pessoa alguns quilos, porque a moça é esquelética...
Após os aplausos o Emílio convida a todos para um pequeno bate-papo, que foi ainda mais curto pela necessidade dele de ir para o aeroporto. Mas achei uma atitude simpática ter o ator ali disponível para conversar com o público. E também foi simpática a atitude dele de fornecer a quem quisesse cópias de uma carta de agradecimento. Aliás, quando saí é que notei que as cartas que estão dispostas no cenário são cartas ´reais´, endereçadas ao Emílio.
Simpático. Mas que letrinha, hein? |
Uma curiosidade: ao meu lado sentou uma atriz global da nova geração, Maria Casadevall. Realmente a tv deve engordar a pessoa alguns quilos, porque a moça é esquelética...
´Também queria te dizer - cartas masculinas´
Com Emílio Orciollo Netto
Texto de Martha Medeiros
Direção de Victor Garcia Peralta
Teatro Eva Herz, SP, até 01/jun/14
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