domingo, 21 de abril de 2013

Brincando com a Morte

Para fechar o fim de semana teatral, fui assistir ´Brincando com a Morte´, nesse domingo, no Teatro Cultura Artística Itaim:




Enquanto a sede da Sociedade de Cultura Artística não é reconstruída no Centro, após o incêndio, as atividades vão acontecendo no espaço que antes era chamado ´Sala São Luis´, na sede da Promon Engenharia na Av. Juscelino Kubtschek.  É um espaço típico da arquitetura moderna paulista, projeto do arquiteto Marcelo Fragelli  - que foi meu professor.  Lá dentro existe um teatro pequeno mas muito confortável, com ótimas poltronas, bom espaço...  não sentando na primeira fileira, muito próxima ao palco, qualquer lugar é bom. E há também estacionamento dentro do complexo, o que aliás é a única alternativa, já que o edifício está localizado no finalzinho da avenida, junto à descida do túnel e não tem lugar próximo para estacionar. 

Mas hoje, infelizmente, a visita não valeu... a peça foi decepcionante. Quando entrei na platéia, já bem na hora de início, vi que o teatro estava com no máximo um quinto das suas poltronas ocupadas. Mas depois eu entendi a razão... 

A informação que eu tinha é de era uma peça de suspense e humor negro. O suspense se deu só pra saber quando a peça iria acabar, e o humor negro... melhor nem comentar. O programa, impresso em papel de alta gramatura, com verniz, bem caprichado mesmo, fala do autor - Joe Ortera -  como um gênio. Espero que a culpa seja da tradução, porque se o ´gênio´ fez isso... pelamordedeus.

A história é basicamente a seguinte: o pastor vigarista Pringle ( Kiko Vianello ) desconfia que sua mulher Tessa  ( Fernanda Couto ) o está traindo, após receber uma carta anônima. E chama o detetive particular Caulfield (Edu Guimarães) para investigar. O detetive descobre que Tessa se encontra com o ex-padre McCork (Tadeu Di Pyetro ), todo alquebrado, e que na verdade não há traição nenhuma, ela cuida dele apenas por benemerência.  Mas o pastor Pringle se interessa por outra mulher, e resolve assassinar a esposa. Então a encontra na casa do ex-padre, mas acabam fazendo um acerto onde ela se finge de morta, e ele passa a ter a fama de assassino, o que é muito conveniente para ele, tanto que depois, com o desenrolar da história, ele não quer que ela reapareça viva. Mas por que é bom para ele ter a fama de assassino? Não sei... 

O detetive Caulfield quando entra na casa do ex-padre arrombando a janela, faz perguntas a ele, que vai respondendo simplesmente porque vive sozinho e não tem com quem conversar O detetive chega até mesmo a confessar que matou a sua ex-esposa, a qual era amiga de Tessa - e que não desconfia de nada. Por que o ex-padre foi contando que o cadáver de sua ex-mulher está escondido no porão de sua casa a um desconhecido? Não sei... 

Enfim, o roteiro é todo feito dessa maneira, as coisas vão acontecendo sem muita lógica. Tudo bem se fosse numa montagem farsesca, mas não era o que a gente via no palco. O cenário era bem construído, procurando criar um clima de filme de terror com elementos góticos. Mas no teatro, o que vale mesmo são as atuações dos atores, e o que vi me deu a impressão de que eu estava assitindo a uma novela do SBT ao vivo...  Deu até dó dos atores em cena. Não eram iniciantes, gente que tropeçava na fala, que errava a marcação, nada disso. Mas o diretor não acertou o tom, e infelizmente eu logo fui fazendo a comparação com ´Atreva-se´, encenada no ano passado em São Paulo, com direção do Jô Soares. Também era uma comédia de suspense, com um clima ´noir´,  só que muitíssimo bem encenada, divertida. Hoje, mal deu pra esboçar um sorriso com o ´humor negro´ da peça. Não deu. 

Enfim, entendi porque a platéia estava vazia... no final da peça, após os aplausos que foram tímidos, burocráticos, a Fernanda Couto agradeceu muito a presença de todos. Foi constrangedor, a impressão que eu tive é que eles sabem que têm um produto para apresentar que não é bom. Mas mesmo assim, claro, fazem seu papel.


Brincando com a Morte
Com   Kiko Vianello, Fernanda Couto, Edu Guimarães,Tadeu Di Pyetro
Direção de Alexandre Tenório
Texto de Joe Orton, com tradução de Eduardo Muniz
Teatro Cultura Artística Itaim, até  02/jun/13

sábado, 20 de abril de 2013

Sonata a Kreutzer

Em um teatro que ainda não conhecia, o Cacilda Becker, está em cartaz ´Sonata a Kreutzer´, que ano passado estava no Sesc:


Eu já esperava uma peça ´difícil´,  pois é uma adaptação para o teatro de um livro de Tolstói, do mesmo nome. Acompanhar a peça é mesmo complicado, são dois atores em cena que trocam de ´persona´ o tempo todo. Eu já tinha a informação de que o livro é a narração de um crime, o marido matou a esposa por ciúmes.  Na verdade, na encenação não existe ´narrador´ e ´personagem´, mas dois atores interpretando o mesmo homem atormentado.  A peça começa com um deles mexendo em uma maleta que contém uma vitrola de 78 rotações, sobre uma mesa. Isso com a cortina ainda fechada. 

Depois, quando a cortina é aberta, vemos alguns móveis clássicos, antigos: cadeira, quadros, um suporte de partitura, um ´case´  de violino, tapete... E o texto começa muito hermético, depois de um tempo é que se vai compreendendo melhor o enredo. Mas isso não quer dizer que seja desinteressante, muito pelo contrário. Logo no início o diretor usa um recurso muito interessante: de repente um dos atores diz ´intermezzo!´ e as luzes da platéia se acendem, e o que acontece é como um comentário, algo ´fora´  da narração linear do enredo.  Esse recurso é utilizado várias vezes, e é muito interessante, mas de vez em quando, com as luzes da platéia se acendendo após uma cena escura, causa um certo desconforto nos olhos.  E tudo isso, claro, entremeado pela ´Sonata a Kreutzer´,  de Beethoven, que vai sendo tocada na vitrola.

A interpretação dos dois atores é ótima, os dois agem como se realmente fossem um só personagem, em alguns momentos na mais perfeita sincronia, para acender um cigarro, por exemplo. O gestual é todo duro, como convém a um aristocrata do século XIX. Mas quando aparece o causador dos ciúmes que levam à morte da esposa, um violinista, a partir daí em alguns momentos eles se alteram para ilustrar cenas com os outros dois personagens da história também, o violinista e a esposa. Aliás, o personagem do violinista é introduzido de uma forma muito cuirosa, através de um quadro: um retrato é retirado da parede, e enquanto um dos atores vai descrevendo algumas de suas características, outro pega pincel e tinta e vai desenhando sobre o vidro... algo totalmente non-sense, que a platéia não esperava. 

E há também momentos de humor, quando o personagem faz algumas reflexões sobre o casamento, por exemplo. E a gente vê que as atribulações sobre relacionamentos não são diferentes no século XXI do que eram no século XIX...

Enfim, é uma peça complexa, um texto complexo, totalmente diferente da comédia que assisti no dia anterior. E também ótima, à sua maneira. A temporada acaba amanhã, mas quem sabe ainda volte em outro espaço.

  No início eu comentei que foi a primeira vez em que estive nesse teatro. É um espaço da Prefeitura de São Paulo, foi reformado em 2009,  e está sendo mantido em bom estado de conservação desde então. As poltronas são confortáveis, há bom espaço entre as fileiras, mas a altura entre elas é um pouco pequena, imagino que pessoas mais baixas possam ter alguma dificuldade em ver o palco, dependendo de quem sentar à sua frente. As paredes laterais são decoradas com um tipo de xadrez, alternando elementos pré-moldados e massa pintada - não há revestimento acústico, então não sei como o teatro se comportaria em uma apresentação musical, por exemplo. Mas as portas de emergência estão lá, uma em cada lado da platéia, e claro, desde que estejam destravadas, dá pra todo mundo sair num instante em caso de emergência.

Sonata a Kreutzer
Com André Capuano e Ernani Sanchez
Direção de Marcello Airoldi
Dramaturgia: Cássio Pires, sobre texto de Liev Tólstoi
Teatro Cacilda Becker, até 21/abr/13


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Academia das Eruditas

Academia das Eruditas, na Sala Experimental do Teatro Augusta:




Essa sala é, digamos.... perigosa. Ela fica no subsolo do Teatro Augusta, e sinceramente, não sei como a Prefeitura e o Corpo de Bombeiros deixam aquele espaço ser utilizado. O acesso do público se dá por uma escada caracol, com não mais de 60cm de raio. E ao que me parece, é também a única saída...  Antes do início do espetáculo ouvimos uma gravação ´padrão´, que diz que as ´portas de emergência estão devidamente sinalizadas, e em caso de falta de energia luzes de emergência se acenderão automaticamente´.  Luz de emergência eu vi, mas porta de emergência, ainda mais sinalizada, não faço idéia de onde possa haver...   Ou seja, se acontecer uma situação de pânico lá embaixo, justificado ou não, a evacuação do espaço vai ser demorada. A entrada e a saída normais já são lentas, apenas uma pessoa por vez... 

Lá dentro há uma pequena arquibancada de quatro degraus, com cadeiras de plástico preto guarnecidas com almofadinhas soltas, para dar um pouco mais de conforto. As cadeiras estavam  tão próximas umas das outras que as pessoas, na medida do possível, as afastavam  um pouco para que as pernas não ficassem coladas, como se estivéssemos sentados numa arquibancada em final de campeonato de futebol. A sala estava tão lotada, com todos os lugares ocupados, que algumas pessoas sentaram no canto esquerdo do palco, fora da arquibancada. Eu consegui um bom lugar, no terceiro degrau, e mais ou menos ao centro. Ainda assim um pilar à esquerda às vezes impedia a visão, mas nada que chegasse a atrapalhar muito.

No ano passado assisti a ´Apocrifas - Histórias revisitadas´, nesse mesmo espaço. Ou seja, apesar de saber da inadequação da sala para receber o público, sou reincidente...  Mas o que eu não sabia era que iria assistir a outro espetáculo do mesmo grupo, não me atentei a isso quando peguei os ingressos. Só percebi quando estava no foyer, aguardando o início da peça, e dois atores passaram por ali já caracterizados para os personagens. Um deles era o Fernando Silva Jr., e assim que desci, reconheci a Jolanda Gentilezza, também de ´Apócrifas´. Acontece que eu não me informei muito sobre a peça antes, o que me interessou foi saber que era uma adaptação de Molière, já foi suficiente para me dar vontade de assistir. E pelo que percebi do programa, apesar de repetir parte do elenco, o grupo que se apresentou não é um grupo estável, com nome estabelecido. Ou se é, não informaram...

Mas se até agora parece que eu fiquei insatisfeito por causa do espaço, a verdade é exatamente o oposto disso. Assim como em ´Apócrifas´,  o cenário é simples ( ainda mais simples, até: apenas um tecido pintado, com alusões a uma decoração clássica ), uma mesinha, alguns assentos e dois pufes, tudo adaptado, nada se fazendo passar por móveis de luxo que poderiam ser encontrados em um palacete francês. Os figurinos também não tentam ser fiéis a roupas de época, são antes alusões que brincam com as cores da bandeira da França. As mulheres todas, com exceção da criada Martineuza ( Priscila Ioli ), usam corpetes com a frente semi-transparente, que deixam aparecer um busto falso, de plástico, com seios exagerados. E esse visual farsesco é ótimo, se encaixa perfeitamente ao espetáculo.

A ação se passa na França pré-revolução, na casa de uma família aristocrática onde a madrasta Filaminte ( Lígia Hsu ) é uma mulher dominadora que se impõe ao marido e que está criando uma academia de filosofia somente para mulheres. Aliás, a primeira cena é justamente a apresentação dessa academia, e para comemorar todos são servidos com espumante ( inclusive nós, da platéia ).  Uma das enteadas, Armanda ( Laís Blanco ) segue fielmente as idéias de Filaminte, enquanto a outra ( Henriquete  / Daniela Dams ), só quer saber de se casar. O pretendente de Henriquete é Leandro ( Fernando Silva Jr ), que passou dois anos cortejando a outra irmã e nunca foi correspondido, pois ela só se interessava por filosofia.

Há também a tia das moças, Belisa ( Jolanda Gentilezza ), que junto com Leandro, protagoniza a primeira cena hilária da peça: Leandro vai à Belisa pedir que lhe ajude a convencer o pai ( Crisálido / Xico ) a lhe dar a mão de sua filha em casamento, mas Belisa mal o ouve, e menos ainda o deixa falar, e com isso gera um mal-entendido como se o rapaz estivesse apaixonado por ela, Belisa...

Mas não vou relatar todo o enredo aqui. No programa, está registrado que ´Academia das Eruditas´ é uma adaptação livre do texto ´As Eruditas´,  de Molière. Não sei até onde o texto foi ´enxugado´,  mas de qualquer maneira, o que está sendo apresentado ao público é uma comédia de primeira. O texto é incrível, muitas passagens são feitas em versos, e na tradução feita, há ótimas sacadas que só devem funcionar na língua portuguesa, como no início, onde a madrasta fala de sua intenção de livrar a língua de palavras obscenas, e com isso transformar ´nauseabunda´ em ´nauseanádegas ou náuseatraseiro´. Ou seja, a tradução foi uma recriação  muito bem-feita.

Também há inserções ´modernas´ no texto, quando um personagem canta ´Esse cara sou eu´, do Roberto Carlos, ou quando Crisálido reclama dos impostos que têm que pagar: iptu, ir...  Mas é tudo colocado de forma leve, natural, o que enriquece a peça. 

A criada Martileuza faz o papel de ´bobo da corte´, falando verdades inconvenientes e servindo de contraponto à sua patroa, Filaminte. A atuação dela arranca algumas das melhores risadas da peça, mas na minha opinião o grande destaque da noite foi o Rael Godoy, que interpreta três personagens: Aristides ( irmão do ´patriarca´ molenga, Crisálido ), Valdius, um erudito que tem um embate com o rival de Leandro, o falso poeta e erudito Tricotô ( Guilherme Vale ), que na verdade só está interessado no dinheiro da família; e ao final, ouvimos a voz dele como o ´escrivão´ que não aparece em cena mas que está presente no ´quase-casamento´. O Rael é também cantor, ele durante a peça ´compõe´ a Marselhesa junto com Crisálido, e também faz algumas intervenções operísticas. Mas principalmente, a interpretação de ´Valdius´ e o sarcasmo que imprimiu a ´Aristides´  foram os aspectos da atuação dele que mais gostei. Aliás, o texto, a encenação toda é  tão boa, que não se desgruda do que está sendo apresentado nem por um segundo. Não que o ritmo da peça seja alucinante, nada disso. Mas a  história é tão bem construída, o texto é tão bom, que não dá para desgrudar os olhos e ouvidos, em atenção máxima para não se perder nada - e ao mesmo tempo, é tudo muito divertido.

Enfim, se o espaço onde a peça é encenada não parece ser o mais adequado, a gente logo esquece disso quando o espetáculo começa. E aí fica claro, mais uma vez, que para se ter um espetáculo teatral de primeira não é necessário nenhuma pirotecnia, nenhum efeito especial, nem cenários ou figurinos luxuosos, ´apenas´  um conjunto de bom texto, bons atores e direção.  A meu ver, esse espetáculo merece um espaço maior, onde mais gente possa desfrutar desse trabalho. Mas em todo caso, felizmente a temporada foi estendida, após os aplausos fomos informados que a peça ficará em cartaz no mesmo lugar por mais cinco semanas, agora de sexta a domingo. Ótimo, mais quinze chances de assistir a ´Academia das Eruditas´.





Academia das Eruditas
Com Lígia Hsu, Guilherme Vale, Daniela Dams, Laís Blanco, Prisicla Ioli, Jolanda Gentilezza, Fernando Silva Jr., Rael Godoy, e Xiko
Direção de Jolanda Gentilezza
Texto: adaptação livre sobre ´As Eruditas´, de Molière
Teatro Augusta, Sala Experimental, até 01/jun/13

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Deus da Carnificina

Pré-estréia da temporada popular de ´Deus da Carnificina - uma comédia sem juízo´, no Teatro Sérgio Cardoso:




Essa peça já havia sido encenada no ano passado em São Paulo, mas naquela ocasião no Teatro Vivo, só que eu acabei perdendo. Então, foi  muita sorte que voltasse em cartaz na cidade.

O Teatro Sérgio Cardoso é um espaço do governo estadual e foi reformado há pouco tempo, portanto está em boas condições. Fica na parte baixa do Bexiga, na Rua Rui Barbosa, já pertinho da Ligação Leste-Oeste. Para chegar lá é fácil, mas na hora de estacionar tem sempre os ´guardadores´  de carro, que obviamente só ficam ali no horário da chegada. Quando saí do teatro não havia mais nenhum....   então, até para não incentivar esse tipo de achaque, mais uma vez eu preferi guardar o carro num estacionamento ali perto, na mesma calçada - é mais tranquilo.

Lá dentro o foyer estava fervendo, como era pré-estréia havia muitos atores para assistir a peça.  Acho que por essa razão que a encenação começou com um pouco de atraso, o pessoal ficava ali tomando espumante, conversando, e nada de ir para as poltronas. Mesmo depois do início da peça ainda havia gente chegando à platéia, uma falta de respeito total.  Lá dentro a sala de espetáculos é relativamente confortável, há uma boa diferença de altura entre as fileiras, e a distância entre as poltronas também é adequada a alguém do meu tamanho. O único reparo é que as poltronas, em tecido preto, não são lá muito acolchoadas.... se a espuma do assento fosse mais generosa, ficaria bem melhor.

A peça é uma comédia, mas  não uma comédia ´rasgada´. O riso vem das ironias, das frases mordazes que os personagem desferem uns contra os outros, e não de piadas. Toda a encenação se desenrola em ´tempo real´, no mesmo espaço, que é a sala de estar de um casal.  O filho desse casal, de onze anos, foi agredido por um colega da mesma idade, e agora os pais e mães dos dois garotos estão reunidos para tratar do assunto.

Em princípio, todos são cortezes uns com os outros, porém a personagem Verônica ( Deborah Evelyn ) lê um texto onde afirma que seu filho foi agredido pelo outro menino que estava  ´armado´  com um pedaço de pau. O pai do menino agressor, Alain ( Paulo Betti ) não concorda com o termo ´armado´, que é muito forte para definir a atitude de uma criança de onze anos. Nesse primeiro momento, o pai do garoto agredido ( Michel  / Orã Figueiredo )  contemporiza, e a palavra ´armado´ é substituída por ´munido´, e a mãe do menino agressor, Annette ( Julia Lemmertz ), em atitude muito submissa, agredece pela condescendência do outro casal.

Mas Alain não corresponde exatamente à espectativa da esposa, e assim se criam os primeiros conflitos com sua mulher, instigados pela mãe do garoto agredido. Em princípio, Alain nem achava que deveria estar havendo aquela reunião, pois o que aconteceu foi apenas um problema entre crianças e que deveria ficar restrito às crianças. Mas isso irrita muito à mãe do menino que perdeu dois dentes, e que segundo ela, está ´desfigurado´.  O termo ´desfigurado´  é novamente reduzido em sua importância por Michel, que parece ser o grande apaziguador da história. Mas conforme a conversa vai se desenvolvendo, os pontos de vista de cada um deles fazem com que as ´alianças´  entre eles mudem, e se em  um momento as mulheres têm o mesmo ponto de vista, fazendo assim uma aliança tácita entre elas,  no momento seguinte essa aliança é desfeita e a Annette é que pode ser a aliada do Michel - ou não.

Conforme a conversa vai se desenvolvendo, outros assuntos são apresentados: Alain, o advogado, frequentemente atende ao telefone celular para tratar de um caso onde uma empresa farmacêutica continuou a vender um medicamento potencialmente perigoso, apesar de ciente disso. Verônica mostra um interesse pela situação na África negra, mas que na verdade é só um modo de se mostrar uma pessoa de uma civilização ´superior´ àquela,  um humanismo que na verdade é só um modo de esconder sua personalidade mesquinha, que se mostra tolerante desde que os outros aceitem o seu ponto de vista como o correto. Annette é uma conselheira em gestão de patrimônio, uma mulher com carreira profissional, mas aparentemente totalmente submissa ao marido. E Michel é um vendedor de quinquilharias, sem a menor pretensão de ser algo além disso, sem ambição, sem cultura.  Isso tudo vai transparecendo a partir de conversas sobre amenidades, em que eles se mostram interessados uns na vida dos outros somente para quebrar um possível silêncio constrangedor.

E esse é o tom da conversa, cada um deles tentando fazer com que seus argumentos sejam reconhecidos como ´vencedores´ pelos outros, senão no caso que gerou o encontro, mas em outros assuntos que vão surgindo. E isso tudo faz com que as relações sejam bastante complicadas, porque ao longo da discussão as situações de 'alianças / inimigos´ vão mudando a todo momento. E pode-se dizer que com o desenrolar da peça, as ´máscaras´ vão caindo, e as personalidades se revelando.

Com certeza não estou conseguindo transmitir todas as várias camadas que existem no texto. Além do que já me referi, também há outras possíveis leituras da peça, em seus vários sub-textos: ela também trata da sociedade de aparências em que vivemos, do verdadeiro interesse ( ou não ) no bem-estar dos filhos, ( o filho, produto do seu ´trabalho´, pode ser de alguma maneira não tão bom quanto você esperava, e que portanto, o fracasso dele em atingir o que se espera é também o fracasso dos pais? ), da verdadeira natureza das pessoas, que submetidas a stress deixam seu ´verniz´ de educação de lado e mostram seu lado mais primitivo, mesquinho...  Enfim, o texto permite várias leituras...   Aliás, ainda preciso ler o texto mesmo da peça, agora que o tenho há disposição - já vou contar como consegui.

Todos os quatro atores são craques, e o menos conhecido deles, Orã Figueiredo, é quem tem as falas mais leves, mais engraçadas, seu personagem é o menos ´maquiavélico´, o menos cínico entre todos. Mas quem eu acredito que tenha se destacado mais foi a Julia Lemmertz, que vai se transformando durante a peça, de uma mulher submissa a uma mulher revoltada, que com o auxílio de um pouco de bebida alcoólica vai se liberando. Mesmo tendo sentado longe, em uma das últimas fileiras, dava para perceber a energia com que ela estava no palco. A sua personagem foi a que teve uma transformação maior no decorrer da peça, e essa transformação se expressava fisicamente no gestual da atriz, que começa como uma mulher contida e acaba arrancando o celular das mãos do marido e jogando em um vaso com água...

Enfim, a peça é altamente recomendável. É um prazer ver quatro ótimos atores em cena, num texto instigante, bem montado, são quase duas horas de espetáculo que passam voando. Se tiver oportunidade com certeza ainda vou assistir mais uma vez, tem muita coisa a se extrair dessa peça, muitos detalhes, muitas nuances, e eu não consegui apreender tudo que gostaria em uma única vez.

Nos agradecimentos ao final, o Paulo Betti oferece a todos que entrem em contato através de um email, e foi assim que consegui o texto da peça. Ainda não tive tempo de ler, mas está comigo. E depois, no burburinho da saída, é que vi que estava lá também a Ellen Roche. Não sou de ficar tietando ninguém, mas é impossível não reparar naquela mulher, foi a primeira vez na minha vida que tomei a iniciativa de ir conversar com alguém famoso - além do mais, ela é super-simpática.




O Deus da Carnificina
Com Deborah Evelyn, Julia Lemmertz, Orã Figueiredo e Paulo Betti
Direção de Emílio de Mello
Texto de Yasmina Reza
Teatro Sérgio Cardoso, SP,  até 05/mai/13

domingo, 7 de abril de 2013

O Desaparecimento do Elefante

Sábado, 6 de abril, noite já reservada há tempos para ´O Desaparecimento do Elefante´. Essa peça estreou no Rio de Janeiro, fez sucesso por lá antes de vir a São Paulo, o que eu já estava aguardando. Por sorte veio ao Sesc, o que facilita muito, pois o preço do ingresso fica sempre bem barato.




Claro que eu já fui várias vezes ao Sesc Pinheiros, onde a peça foi apresentada. Mas nesse ano foi a primeira vez, então não falei sobre o local aqui no blog.  O Sesc Pinheiros, na Rua Paes Leme, é de fácil acesso, mas num lugar um tanto complicado de se estacionar. Quando se consegue vaga no próprio Sesc é ótimo, mesmo com o longo tempo de espera para receber o carro depois, vale a pena.  As alternativas são estacionar na própria rua e ser achacado por um ´guardador´  de carros, ou buscar vaga um pouco mais longe, o que eu sempre prefiro. Ontem consegui vaga dentro do Sesc, caso contrário teria procurado vaga ao lado ou nos fundos da Igreja de Pinheiros, onde fica o ´Cu do Padre´.

Mas se cheguei a tempo de estacionar lá dentro, não foi o suficiente para comprar ingressos para os outros espetáculos que vão acontecer na rede Sesc nos próximos dias, nem para dar uma passadinha na ´comedoria´ do Sesc Pinheiros, que entre as que eu conheço, é a mais bonita. O teatro em si é ok, tem um foyer generoso, com uma instalação interessante de uma sala de estar suspensa, ao lado da loja de publicações do Sesc.  Dessa vez, quem estava lá para assistir eram o Antunes Filho e a Bia Seidl - mas não juntos, pelo que percebi.  Dentro da sala de espetáculo, as fileiras de poltronas têm uma boa diferença de altura entre elas, o que garante a visibilidade em qualquer lugar. Mas a distância entre as fileiras não é tão boa assim, por isso quando comprei os ingressos escolhi um assento que ficava na ponta do corredor lateral, de modo a poder colocar as pernas para fora.

Mas o que interessa mesmo é a peça, ´O Desaparecimento do Elefante´.  O que havia me chamado a atenção, quando soube que a peça estava no Rio de Janeiro, foi a presença de três atores:  Caco Ciocler, que eu vi em cena tanto em ´Casting´, no próprio Sesc Pinheiros, quanto em ´45 minutos´, um monólogo - e ambos ótimos espetáculos; Maria Luísa Mendonça, que esteve em cena ano passado com ´Boca de Ouro´; e Marjorie Estiano, que eu só conhecia do trabalho na tv, mas que acho ótima atriz, além de boa cantora.

Após os avisos iniciais de segurança, a produção comunicou que o Caco Ciocler seria substituído pelo André Frateschi, e ouviu-se um grande ´ohhhhhhh´ feminino, de clara decepção com a substituição. Imagino que não seja fácil para um ator ouvir isso da coxia....  Porque ele foi o primeiro a entrar em cena.

A peça é dividida em 5 atos, mas sem interrupções para intervalo. São cinco histórias curtas, baseadas em contos do escritor japonês Haruki Murakami, de quem eu absolutamente nunca tinha ouvido falar...  a primeira história foi ´O pássaro de cordas e as mulheres de terça-feira´, acho que a mais comprida das cinco encenações.  No palco, vemos um homem sozinho dentro de casa,  um tanto deprimido, pois está desempregado. Toca o telefone, e aí a luz se acende na parte superior do cenário, onde lá no fundo, por trás de uma rede, vê-se uma mulher nua ( Marjorie Estiano ), sentada numa poltrona e falando ao telefone, ao mesmo tempo em que se masturba. Ela tenta fazer com que ele seja seduzido pela conversa sensual, mas em princípio, ele entende que é papo de vendedora e desliga o telefone. Ela insiste e mostra ter certo conhecimento sobre ele, mostra que sabe coisas como idade e signo, e revela que já esteve interessada nele anos antes.  Ele desliga o telefone, mas ela volta a insistir.

A Marjorie Estiano aparece nua na parte de cima do cenário, mas se alguém foi até lá só para ver isso, perdeu a viagem. A sensualidade está muito mais na voz do que na visão que se tem, já que além de estar no fundo do palco, atrás de uma tela, há uma iluminção que dá um efeito ´chiaro-scuro´ que esconde muito mais do que revela.

Depois o telefone toca novamente, e da mesma maneira, no fundo do cenário e atrás de uma tela, vemos a Maria Luisa Mendonça falando ao telefone, mas por detrás de uma mesa de escritório. Ela é a esposa, e falando com o marido desempregado, mostra que é o atual ´homem da casa´, dando ordens e de certa maneira o humilhando, ainda mais depois que ele não aceita uma proposta de emprego que não considera adequada para ele. A esposa  também se mostra preocupada com o gato do casal, que sumiu há quatro dias. O telefone volta a tocar, e é novamente a voz da Marjorie Estiano, novamente tentando seduzir o homem, que resiste, e vai procurar seu gato, em um beco perto de onde mora.

Nesse beco há uma jovem tomando sol ( Fernada de Freitas ), que ainda que de modo muito mais sutil, também tenta seduzir o tal homem. Ela está em recuperação após ter sofrido um acidente, e por isso passa o dia numa espreguiçadeira tomando sol. Se estabelece um longo diálogo entre os dois, sendo que ele a trata como uma adolescente fútil tentando mostrar uma sabedoria que não tem, e ela o trata como um ´tiozão´ esquisito. Tudo isso entremeado pela espera do gato, que tem o nome de ´Noboru Watanabe´. Gostei do nome, se um dia vier a ter um gato, acho que vai se chamar ´Noboru´. 

Após uma tarde de espera pelo gato, o marido retorna à sua casa, e lá encontra a mulher, que voltou do trabalho. Ele chega com lenços de papel azuis, e papel higiênico com estampa florida. Há então uma discussão, a esposa não se conforma por ele tem comprado aqueles produtos que ela ´não suporta´, e que é um absurdo depois de seis anos de casamento ele não saber que ela detesta papel higiênico florido....   A cena termina com o marido desconsolado, suspirando pelo dia difícil.

Nessa apresentação, essa foi a única trama que não foi aplaudida ao final, mas acredito que por timidez da platéia. Sem dúvida, foi a história que eu mais gostei, havia sempre uma tensão no ar, algo mais sendo dito através da linguagem corporal, que ia muito além do texto. E o destaque nessa cena foi justamente o André Frateschi, que substituiu o Caco Ciocler. Parabéns a ele por ter levado tão bem a cena, em situação que começou tão adversa... 

Em seguida, veio ´O Comunicado do Canguru´, que é  um monólogo feito pelo Kiko Mascarenhas. Nesse trecho do espetáculo, ele é um funcionário de uma loja de departamentos que é encarregado de responder às demandas dos clientes. O cenário é uma mesa, e  uma cadeira, e ele fala para uma câmera de vídeo, pois está gravando uma resposta ( totalmente fora dos padrões ) para um cliente que comprou um CD de música clássica de um autor, mas queria trocar por outro, só que sem nota fiscal, com a embalagem violada.... ou seja, coisa que loja nenhuma aceitaria.  Mas a carta do cliente de algum modo toca o funcionário de maneira especial, e o que vemos é esse funcionário, esse burocrata que faz suas tarefas de modo absolutamente automático, revelar muito de sua vida, de sua personalidade, de suas inseguranças, nesse vídeo que está gravando para o cliente.  E nós vemos o que a câmera está gravando projetado num telão à direita do palco, e nos fundos, há também telas onde são projetados slides que sugerem um escritório. Esse recurso, de projetar o cenário num anteparo, é muito bem explorado na trama seguinte, chamada ´Sono´.

Em ´Sono´, novamente há o casal formado pela Maria Luísa Mendonça e o André Frateschi. Mas agora é ela quem domina a cena, é  uma dona de casa que sofre de insônia crônica, e que está há dias sem dormir. O marido é um dentista em início de carreira, e ambos têm um filho. Trata-se de uma família de ´comercial de margarina´, mas a mulher, por não dormir, começa a ter alucinações com o livro ´Anna Karenina´, de Tolstoi, que está lendo. Essa crônica é a mais lírica, com os personagens se transformando a todo momento em marido / mulher contemporâneos ou personagens do livro. E houve uma solução na encanação que achei muito legal: o cenário é projetado sobre superfícies verticais, uma mais larga ao centro, e outras duas menores e mais recuadas nas laterais, de modo que há um corredor entre elas. Por esse corredor os personagens entram e saem do palco, e as projeções vão alternando os ambientes entre o apartamento do casal e a Rússia do século XIX. Mas o mais interessante em relação ao cenário foi quando o filho vai para o quarto dormir, e depois o marido: nas superfícies laterais estão projetadas camas, na vertical. Então cada um deles se encosta, de pé na frente da superfície, e ´deita´ sobre a projeção, em posição de dormir.

A trama não tem uma ´solução´, não é revelado o que acontece com a personagem, se ela resolve o seu problema de insônia ou não. E nem é necessário, o que fica é o jogo entre alucinação e realidade, de um modo bastante fluido, e muito bonito. Agora foi a vez da Maria Luísa Mendonça brilhar, numa atuação  muito delicada.

Depois vem a encenação cômica do espetáculo, a crônica ´Segundo Ataque´.  Há  um ´mano´  de periferia ( Kiko Mascarenhas ), com seu linguajar cheio de gírias, que está com fome e sem nada na geladeira, em plena madrugada. Ele está recém-casado com uma japonesa ( Marjorie Estiano ), que o faz pegar a sua pistola, e juntos saem para um assalto à uma lanchonete, no caso a ´WcDonald´s´.  Essa foi a encenação que eu menos gostei, achei inclusive que a platéia tinha muitos risos forçados, coisa que não era tão engraçada assim, mas que as pessoas gargalhavam como se estivessem vendo uma grande comédia. Nada disso. A encenação tem as críticas óbvias ao fast-food, o casal de ladrões são dois boçais... O que chamou mais a atenção foi a encenação da Marjorie Estiano, ela estava caracterizada como uma boneca japonesa, e tinha um gestual todo fragmentado. A voz, com sotaque nipônico, claro, em alguns momentos ficava ininteligível, simplesmente não dava para entender o que ela falava. Essa ´esquete´  foi a que eu achei mais fraca, poderia ter feito parte de um show de humor qualquer. Apesar do desempenho físico da Marjorie, não havia nada que trouxesse um ´algo a mais´, nenhum lirismo, apenas uma caricatura.

E por fim, chegamos ao texto que dá nome ao espetáculo, ´O Desaparecimento do Elefante´. Numa loja de móveis planejados, a jornalista ( Fernanda de Freitas ) vai ao encontro do representante da loja ( Rafael Primot ), saber dos lançamentos da empresa para uma matéria em revista de decoração. Na verdade, os dois estão ali apenas para cumprir o seu papel profissional, nenhum dos dois têm real interesse nos produtos. Nem o funcionário acha que as modificações da nova linha têm real importância, ele apenas repete o que lhe foi dito pelos seus superiores.  Mas a partir da sinceridade dos dois, há uma relação mais humana, menos profissional, e ambos mostram um certo interesse um pelo outro. Sentam-se lado a lado na loja vazia, e começam a conversar sobre suas vidas.

Em determinado momento, o assunto chega no desaparecimento de um elefante e de seu tratador, ocorrido na cidade cinco anos antes. A cidade desativou seu zoológico por causa dos autos custos, transferindo os animais para outros zoológicos. Mas ninguém aceitou um velho elefante, que ficou em um viveiro sozinho, sendo cuidado apenas por um tratador. Num certo dia, ambos sumiram sem deixar pistas, o elefante simplesmente ´evaporou´,  não havia marca nenhuma no chão de areia. E esse caso passa a intrigar a cidade por meses.

O funcionário da loja, em tom de confidência, revela que provavelmente foi o último a ver o elefante e seu tratador, pois tinha costume de andar por uma trilha perto do viveiro, e no final da tarde quando o desparecimento aconteceu, ele estava lá. A encenação então passa a utilizar de recursos de flashback, com projeções em uma tela de um telejornal da época, os dois âncoras relatando a notícia e comentando, assim como imagens do funcionário em meio à trilha, observando o elefante - que nunca é  mostrado.

A teoria do funcionário para explicar o desaparecimento do elefante é que ele encolheu, e assim foi levado embora - mas ele não sabe por quem. A decepção da jornalista é clara, e ela vai embora. Em seguida, ele, sozinho, acaba desistindo de telefonar e convidá-la para jantar. É um final um tanto melancólico, mas aí entrou uma música que achei totalmente desnecessária: ´Maluco Beleza´, do Raul Seixas. Até aquele momento eu estava achando a encenação bastante lírica, sutil, mas a presença dessa música me trouxe a sensação de que ´a interpretação do que vocês viram é análoga a essa letra e ponto final´, uma trilha sonora muito óbvia, que destoou do resto do espetáculo. Nada era muito comum, as histórias não são comuns, o cenário com projeções onde os atores ´deitam´ de pé nas camas, e no final me aparecem com uma música óbvia? Não gostei.

Aliás, ia esquecendo de dizer, mas obviamente nessa última parte a Fernanda de Freitas teve mais destaque. Não que na trama inicial, quando ela fez o papel da garota que está tomando banho de sol, ela tenho ido mal, mas é que naquele momento, a personagem era mais ´simples´, e ela deu conta apenas com os trejeitos de adolescente. No final, no papel de jornalista, aí sim havia um texto melhor, e a encenação funcionou muito bem com o Rafael Primot. O que não gostei mesmo foi da música no final...


Mas o saldo final do espetáculo foi bom. Não foi tudo o que eu esperava, tinha  uma certa expectativa sobre a peça, pelo sucesso que foi no Rio. Mas valeu sair de casa para vê-la, foi uma experiência interessante, com boas atuações, no geral, mesmo que eu não tenha gostado de alguns detalhes.






O Desaparecimento do Elefante
Com André Frateschi, Maria Luísa Mendonça, Marjorie Estiano, Kiko Mascarenhas, Fernanda de Freitas, Rafael Primot
Direção de Monique Gardenberg e Michele Matalon
Texto de Haruki Murakami
Sesi Pinheiros, SP, até 05/mai/13