Dessa vez não havia programa, então a imagem acima foi retirada da internet |
Eu já conhecia a Sil Esteves de alguns vídeos de humor da internet, do ´Parafernalha´. E esse foi o gancho para que eu me interessasse por esse espetáculo. Eu já assisti a alguns shows de humor, mas é algo esporádico, não é bem a minha preferência... Mas de vez em quando é claro que é muito bom assistir a alguma coisa leve, descompromissada. E foi a pedida desse sábado.
O horário do show, 23:30h, sugeria que o jantar acontecesse antes de ir ao teatro. Pensei até em aproveitar que iria até o Brás ( o Teatro Anhembi-Morumbi fica lá ), e passar na Castelões, que se não for a pizzaria mais antiga e tradicional de São Paulo, deve ser uma delas. Mas outros compromissos, junto com o verdadeiro dilúvio que caiu em São Paulo nessa noite, fez com que essa idéia fosse abortada.
Eu já conhecia o teatro Anhembi-Morumbi por ter assistido ´Mulheres Alteradas´ nesse espaço, no ano passado - por coincidência, outro espetáculo de humor protagonizado por mulheres. Lá é o teatro-auditório de uma faculdade, e acho ótimo que seja aproveitado para espetáculos para o público externo também. É uma sala sem luxos, mas confortável, com bons assentos e espaço para quem como eu, não é exatamente pequeno. Mas dessa vez, por causa da chuva, notei algo que não tinha percebido no ano passado: quando a gente passa pelo portão que dá para a rua, há um hall externo com uma cobertura bem alta. Só que essa cobertura não se sobrepõe à cobertura de vidro bem mais baixa que faz as vezes de marquise e que cobre o acesso à bilheteria e ao teatro. Ou seja, na transição entre elas você vai embaixo de chuva... o que era um problema, pelo menos no momento em que cheguei. Pelo menos aquela chuva toda também fez uma coisa boa: dessa vez não havia nenhum flanelinha para ´guardar´ o carro.
Mas falando agora do espetáculo, sem dúvida valeu a pena ter enfrentado o dilúvio para ir até lá. Como não poderia deixar de ser, os avisos de segurança já são humorísticos, e há uma pequena brincadeira com o incauto ( ou no caso, a incauta ) que sentou na poltrona C4. Aliás, a plateia não estava cheia, não sei se por falta de divulgação ou se a chuva fez com que algumas pessoas desistissem de sair de casa.
Quando as duas entram em cena, há a inevitável apresentação, e aí ficamos sabendo que a Giovanna Fraga é carioca - mas era só ela abrir a boca para isso fica claro - e que se apresentou em alguma competição de humor do Domingão do Faustão. Não estou querendo ser ´blasé´ ao dizer que não sabia disso por se tratar do Faustão, é que realmente, não sabia... não vi mesmo. E a Sil Esteves se apresentou e disse que é paulista, o que leva às primeiras piadas, das diferenças entre Rio e São Paulo.
Não sou capaz de lembrar de todas as histórias e piadas, mas se não me engano, depois vem a Giovanna Fraga com uma história sobre ser recepcionista bilíngue. E mesmo sendo ela a ´dona´ da história, é claro que a companheira de palco também dá os seus pitacos, e quando inverte acontece a mesma coisa, uma sempre interferindo na história da outra, às vezes demonstrando uma certa competição entre elas, às vezes explorando algum detalhe... E com certeza no texto dessa noite teve algumas referências pensadas especialmente para o público de São Paulo, tratando do Corinthians ( ou melhor, da torcida do Corinthians ) e da situação atual do Palmeiras.
Lá pela metade do show as duas dão espaço para a entrada do convidado da noite, o Zé Américo. Eu não o reconheci imediatamente, mas depois lembrei de já tê-lo ouvido no rádio. Ele não deixou a peteca cair, claro que aí alguns paradigmas se inverteram, e ao invés de tirar sarro dos homens, o tema passou a ser ´loiras´. Ele interagiu mais diretamente com a plateia do que elas, tratando com um casal que estava sentado na primeira fileira. E depois partiu para algumas imitações, sendo que a do Faustão foi a melhor.
Quando as duas voltam à cena, vêm vestidas com um visual ´funkeiro´ do Rio, o que dá motivo para mais algumas piadas. Aliás, não é à toa que eu não havia feito até agora nenhuma referência visual ao espetáculo: isso realmente não é importante. Não há diferenças de figurino entre elas, de início estavam com uma camiseta branca, simples, somente com o logo do ´Batom Comedy´. Quando vieram com roupas de ´funk´, eram calças justas e uma blusa, mas nada de transparências ou de mini-saias... O que é absolutamente pertinente. O show não é para exibir dotes físicos, é um show de humor para divertir com idéias, não com a exposição de corpos. Eu estou marcando, reforçando isso porque hoje em dia o jeito mais fácil de fazer sucesso, especialmente para mulheres, é explorar o lado físico. E ao se recusar a entrar por esse caminho, acho que as duas mostram que estão no palco não para se mostrar, mas para mostrar o seu talento, o que é bem diferente.
Não que elas fiquem só falando apoiadas nos banquinhos, nada disso, é claro que o gestual reforça o que está sendo dito. Não sei da história das duas, mas me parece que a Sil Esteves tem um lado de atriz mais desenvolvido ( posso estar sendo injusto por ter visto trabalhos anteriores dela na internet, e nada da Giovanna, mas foi a impressão que tive ). Acho que um dos pontos altos do espetáculo é a história do ´peido´, de como os homens e as mulheres se relacionam com o assunto. Se de início o caminho da história é pelo humor que a gente poderia esperar ao se falar de homens, no caso retratados como verdadeiros ogros, quando elas passam a tratar do peido no universo feminino, aí é de rachar de rir. Inclusive pela interpretação da Sil Esteves. Havia uma mulher sentada umas duas fileiras à minha frente, que acho que se identificou tão perfeitamente com o que estava sendo apresentado no palco, que se contorcia de tanto gargalhar.
No final, como fechamento do show, elas apresentam um funk, e a Giovanna capricha numa voz bem estridente, totalmente irritante, como são mesmo essas ´cantoras´ de funk. E ao final da música, nos agradecimentos ao produtor e aos apoiadores do espetáculo, mais piadas, e aí também fomos avisados de que a cada final de semana haverá um convidado diferente.
Só achei um pouco esquisito quando elas se despediram e saíram rapidamente do palco. Não que eu esperasse um bis, mas a impressão que tive é que assim como eu, outras pessoas levantaram para aplaudir de pé, e elas nem viram.
Enfim, comparando com outras experiências que tive de ´stand-up´, me diverti muito mais com esse show do que por exemplo com a famosa ´Terça Insana´, que assisti ano passado.
Batom Comedy
Com Giovanna Fraga e Sil Esteves
Texto de Giovanna Fraga e Sil Esteves
Teatro Anhembi-Morumbi, até 30/mar/13
Estudo diariamente, faço workshop, escuto os atores mais experientes, assisto diversos espetáculos no Brasil e fora do Brasil, observo, crio , escrevo, acerto, erro, cuido do corpo , da mente , do espírito ... coisas que TODOS ATORES OU ASPIRANTE À ATOR DEVERIA FAZER SEMPRE!!! E como eu, conheço VÁRIOS atores dedicados ... Mas nem sempre são esses atores dedicados que vemos se destacando por ai ... Às vezes me pergunto “Estou fazendo a coisa certa?” “Devo continuar exercendo o ofício de ser ator com tanto aprofundamento já que os superficiais , na maioria das vezes, se destacam mais e assinam grandes contratos?” Ai aparecem pessoas (que eu não conheço e nem tive oportunidade de falar de perto) que escrevem relatos detalhados como esse aqui neste link ... ESSA É A RESPOSTA ... #Obrigada Marcel Ribeiro
ResponderExcluirOlá Marcel!!! Faço parte do espetáculo e fiquei bem feliz em ler seu relato! É muito gratificante ter esse retorno do público principalmente quando não conhecemos a pessoa. Obrigada!!!!!!
ResponderExcluirA propósito.. Eu e Sil temos uma carreira "longa".. ela faz teatro a cerca de 10 anos e eu, 16 anos. Mas a Sil bomba na internet e arrasa na parafernalha mesmo! Sou fã dela!!!!!!