Um autor fundamental do teatro, um lugar legal, uma grande atriz..... ´Tríptico Samuel Beckett´ tinha tudo para propiciar uma noite bastante interessante. Mas...
A primeira visita do ano ao CCBB foi em plena segunda-feira, um dia bastante diferente para ir ao teatro, e por isso mesmo, muito bom. Dificilmente eu teria outro compromisso no mesmo dia, como costuma acontecer aos finais de semana.
E a expectativa era muito boa, conforme descrevi no primeiro parágrafo, e o maior interesse era entrar um pouco mais na obra do Prêmio Nobel de Literatura, autor de ´Esperando Godot´. Só que não foi dessa vez...
Eu fui ao teatro sem ter lido nada sobre a peça antes, e dessa vez nem o programa deu pra ler, já que era impresso com fundo preto, e a platéia estava na penumbra. Só o que eu sabia é que o texto foi construído a partir de fragmentos de três peças do autor ( óbvio, com esse nome... ).
Quando entrei na sala de espetáculos, as atrizes já estavam no palco, imóveis. Toda a cenografia é preta, os figurinos são pretos, cada uma está sentada em uma cadeira, com a Nathália Timberg ao centro. No fundo, um grande esqueleto humano ( maior que uma pessoa em escala natural ), e um backlight com uma caveira. Apenas a Paula Spinelli se movimentava, com o olhar arregalado e piscando insistentemente.
Depois dos avisos de praxe sobre a segurança do local e os patrocinadores, ouve-se o terceiro sinal e a Juliana Galdino dá início à função. Somente ela é iluminada por uma luz branca e dura, recortada em forma de um retângulo. O texto é pesado, a fala é alternada entre quase um sussurro e verdadeiros gritos, onde a gente até se assusta com a voz grave dela. Ok, vamos lá acompanhando, 5, 10, 15 minutos de monólogo ( não sei bem, obviamente estou falando da sensação do tempo, e não do tempo cronometrado ), e o interesse vai se esvaindo... são frases e frases sobre a vida, ditas com intensidade, numa verborragia difícil de acompanhar.
Aí é a vez da Paula Spinelli, num tom mais calmo apresentar o seu texto. Praticamente não há gestos, quase não saem do lugar, é apenas a palavra dita pelos intérpretes que tem importância. Mas dessa vez, o texto recitado é mais curto, e menos impactante. E finalmente chega a vez da Natália Timberg, que também faz seu papel com mais suavidade, apesar do texto pesado. E aí a dinâmica segue assim, cada uma falando o seu texto separadamente. O máximo de interação que acontece é através dos olhares, e dá a entender que as três atrizes representam a mesma mulher em 3 fases da vida.
As atrizes, diretor, produtor, cenógrafo, iluminador, camareiro, figurinista ( ou seus correspondentes do sexo oposto ) que me desculpem, mas... não gostei, nem um pouco. Acho até que entendi a proposta de se dar total importância à linguagem, mas acho que não foram felizes. Sinceramente, duvido que alguém que não seja estudante de teatro e que já conheça as peças do Beckett vai sair de lá com alguma coisa do universo dele na cabeça. Como exercício para as atrizes deve ser fantástico, mas como espectador foi decepcionante.
Acontece. Fica pra próxima.
Tríptico Samuel Beckett
Com Natália Timberg, Paula Spinelli e Juliana Galdino
Adaptação de Roberto Alvim sobre textos de Samuel Beckett
Direção de Roberto Alvim
CCBB SP, até 14/abr/14
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não sei se alguém vai comentar aqui. Mas se você resolver fazer isso, por favor, seja educado. Critique, reclame, elogie, mas sempre com educação.
E se quiser fazer propaganda, aqui não é o lugar.