A primeira peça do ano foi ´A Entrevista´, no Teatro Vivo, com Herson Capri e Priscila Fantin, direção de Susana Garcia:
O Herson Capri eu já havia visto em cena, ano passado, em ´Conversando com Mamãe´, junto com a Beatriz Segall. A Priscila Fantin só conhecia mesmo da tv... E ela foi muito bem, levou a peça tranquilamente, quem foi achando que ela é só um rostinho bonito deve ter se surpreendido, aliás, como o personagem masculino da história se surpreende com a ´Mariah´, a personagem da Priscila. Mas sobre os atributos físicos dela, eu não posso comentar nada... não sentei muito na frente e fui sem meus óculos, que estavam desaparecidos...
O enredo da peça se desenrola ´em tempo real´, o que a gente vê é a entrevista e a relação que surge entre um repórter/comentarista de política e uma atriz que está no auge da fama, a protagonista da novela das oito ( ou seria melhor dizer novela das nove? ), e que está batendo recordes de audiência. A tensão entre os dois surge antes mesmo do primeiro ´oi´, já que ele está fazendo a tal entrevista a contragosto, e o personagem ( Pedro Pierre ) tem todos os preconceitos possíveis contra a atriz que aparece mais na mídia pelos homens com quem sai do que pelos papéis em que atua.
O texto tem uma característica que eu particularmente gosto muito: a ironia, a troca de farpas feita com raciocínio rápido, o que logo deixa claro que a tal personagem feminina não é nenhuma imbecil. Ou pelo menos, não é imbecil em todos os aspectos... O Pedro Pierre é um personagem mais linear, que mantém uma linha mais ou menos constante. Já a Mariah oscila entre a garota absolutamente frívola, que representa uma falsa felicidade o tempo todo, e a mulher que sabe o que quer e que não mede esforços para conseguir o que deseja. Não quero contar o final, mas é ela quem sai por cima no conflito que se estabelece entre os dois, passando a perna nele de modo bem maquiavélico.
Também há sempre uma questão interessante, que é a gente ver uma peça que critica o excesso de importância que as ´celebridades´ têm nos dias de hoje, sendo representada por dois atores que trabalham justamente na Globo, a maior empresa que atua nesse ramo, tanto através da própria tv quanto pelas revistas e sites que vivem de explorar à exaustão a vida das ´celebridades´.
Tem uma coisa que agora, escrevendo aqui, é que me toquei: acho que não sou capaz de lembrar de nada da trilha sonora, nem sei se tem... A única coisa que lembro é o toque de celular da Mariah ( latidos de cachorro ), que acontece em momentos críticos, e que é totalmente pertinente com o desenrolar do enredo. E faço esse registro aqui como elogio, seria péssimo ter um ´tcharã!´ para marcar alguma passagem, para forçar um sentimento por parte da platéia... realmente, não é necessário, o texto e os atores dão conta muito bem de expressar as várias situações que acontecem. Talvez eu tenha me ligado tanto ao texto que deixei a trilha sonora passar em branco, não sei...
Pra terminar essa postagem, alguns comentários sobre o ambiente antes e depois da peça: o Teatro Vivo tem um problema sério, não há como estacionar ali perto, não existem nem vagas na rua nem há outros estacionamentos nas redondezas. Tem que ir de táxi ou deixar o carro com o ´vallet´ do teatro mesmo, o que foi o meu caso - 18 reais. Mas como estava chovendo, havia fila tanto na hora de deixar o carro quanto depois da peça, sem dúvida foram mais de 15 minutos de espera, tanto para chegar quanto para sair.
Antes do terceiro sinal, quando apareceram os patrocinadores, foi exibido um vídeo da ´Meritor´, que pelo jeito deve ter feito um patrocínio master, junto com a Vivo. Eu nunca havia ouvido falar dessa empresa, e a não ser que voltem a patrocinar alguma peça que eu venha a assistir, acho que nunca vou ter notícias dela de novo... Fazem eixos e suspensão para caminhão, trator, tanques de guerra... quem foi o publicitário que convenceu os caras a fazer propaganda de algo tão específico numa peça de teatro? Mas de qualquer maneira, tá aí, me chamaram a atenção pelo inusitado da coisa, vai ver que era essa a intenção...
E no final da peça, a Priscila Fantin claramente acenou e mandou beijos especiais para alguém sentado ainda mais no fundo do que eu - virei para ver quem era, e na hora reconheci mas não lembrei o nome... Era a Samara Felippo, também atriz da Globo.
A Entrevista
Com Herson Capri e Priscila Fantin
Direção de Susana Garcia
Escrita por Theodor Holman, baseado em filme de Theo Van Gogh
Teatro Vivo, São Paulo, até 03/fev/13
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não sei se alguém vai comentar aqui. Mas se você resolver fazer isso, por favor, seja educado. Critique, reclame, elogie, mas sempre com educação.
E se quiser fazer propaganda, aqui não é o lugar.